domingo, 11 de janeiro de 2009

Tio Sam - aqui vou eu.


Esta charge publicada no jornal Zero Hora, do Rio Grande do Sul, é criação do Elias (elias@diariosm.com.br). Coincidentemente, meu irmão do meio chama-se Elias Valério. Okay brothers. O lance é que a sacada do Elias diante desta charge é de que - todo mundo nesta vida - leva um "Você está na Rua".
Na rua da amargura, sem teto, sem emprego, sem dinheiro, sem amores, sem casamentos, sem carros e brinquedinhos. O capitalismo criou isto ou isto junta-se à tudo sendo mera criação do homem. As duas coisas e um pouco mais. Eu já fui demitido. Aquela velha história do "Então, o business desidiu acabar com o departamento", e estamos todos no olho da rua. O ponto favorável, no período de recolocação, existe quando fazemos um balanço de tudo, temos tempo para organizar nossa vida (pessoal, profissional e financeira) e traçar um rumo diferente. Pra mim, foi uma decisão sem muitas escolhas. Saí através de um plano demissional tipo voluntário e corri pro mercado no dia seguinte. Infelizmente, neste período, meu Pai veio a falecer e ainda acabei um namoro. Fiquei dois meses abalado com as histórias, tudo aconteceu em um trimestre. Entretanto, sobrevivi. Neste período, pude analisar tudo, a cultura e os costumes locais, o que esperamos da vida, das nossas famílias, amigos, amores e do trabalho. Como a vida social é exaustiva e cautelosa. Não tem muito glamour não. Tive de ser muito realista e pé no chão diante deste filme. Por exemplo, levei mais de 20 "Nãos" de executivos em processos seletivos. Entretanto, no vigésimo primeiro ganhei "Sim". Não culpo processos seletivos, porque participei de alguns que parecia que eu estava no Playcenter (surpresas inesperadas). Outrora, dava vontade de desistir no primeiro sinal de que o entrevistador não sabia nem de onde veio e quiçá ter condições de realizar processos seletivos. Entretanto, mantemos as etiquetas. Eu tive de voltar atrás para seguir um rumo diferente. Não consegueria o mesmo tipo de emprego e salário. Pois, decisões requerem estratégias e tracei várias. Uma destas deu certo. Um amigo meu que vive mais nos USA que aqui, disse que lá é a mesma coisa. Este samba do crioulo doido. Porém, diga-se de passagem, lá uma empresa "segura" um funcionário com o que eles chamam de "decresção" ao invés de demissão. Ou seja, diminuem o salário do funcionário por um período de vacas magras. Aqui, no país do "tudo acaba em pizza", somos demitidos à tordo e direito. Depois, amargamos num processo longo de recolocação. Pois é. Um outro amigo que agora está na Espanha, trabalhou longos cinco anos na França. Engraçado que este amigo que está na Europa sempre trabalhou em empresas americanas (com filiais espalhadas pelo mundo, inclusive na França). E na França o empresário enxerga a função de empresariado como um "bem social". A empresa existe primeiramente para gerar empregos, bens de consumo, serviços, e o lucro vem como consequência. Não existe esta ganância toda que há aqui nas américas. E o funcionário é demitido em último caso. Tem de provar-se ao governo que a empresa não está dando lucro, ou melhor, o departamento, e por isto das demissões e qual o número. Isto é muito sério e é um processo lento. Pra se ter uma idéia da burocracia e seriedade francesa, uma empresa americana (ramo de computação) comprou outra americana fazem alguns anos. E a junção destas duas lá na França só aconteceu depois de cinco anos - por conta de negociações da empresa com o Governo Francês. O Governo e todos os sindicatos ficaram grudados na garganta da empresa afim de saber quantos funcionários seriam demitidos após a junção e quais os benefícios e dinheiro que eles receberiam, das garantias todas. Isto é muito sério, porque o Governo depois tem total interesse na recolocação do empregado. Como tudo foi demorado, o processo levou 5 anos. Enquanto isto, as duas empresas atuaram todo este tempo sem merge, como se nada estivesse acontecido. Na França é assim, a empresa quer atuar lá ? Tem que dançar a música que eles falam e mandam e tem que falar francês. Aqui, não tenho visto um profissionalismo e sofisticação tal qual. Por um outro lado, temos fartura em certas coisas, mão de obras, processos em andamento para propor melhorias. Vejo que certos mercados estão migrando para Costa Rica e imediações. Outrora, Índia. O mundo ocidental nunca mais foi o mesmo depois da Globalização. De tudo, o que sobra é o indivíduo isolado em seu canto, melancólico e aborrecido. E as correspondências que não param de chegar. Num mundo também globalizado, o livre arbítrio depende única e exclusivamente da pessoa. É aquela velha história, se está incomodando, está na hora de mudanças. Se aqui os costumes locais não são tanto quanto parecem, isto é, não agrada mais. Então, está na hora de puxar o carro. Todavia, ninguém esperava uma crise financeira que surgiu no norte das américas, fosse mudar o rumo da história. Gado manso é gado tratado, com pastagem farta e verde. Se falta algo, mudam de pastagens, como aves migratórias. Ou emagrecem tanto que perdem valor de mercado. Enquanto estamos acomodados, é porque algo não saiu do controle. Entramos na fase do "Declínio do Império Americano". Resta saber qual a próxima fase do game.

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