sexta-feira, 19 de junho de 2009

Mastigando Humanos - Entrevista com Santiago Nazarian



Raras são as oportunidades que temos de aproximar de um escritor. Santiago pra mim é um talento como jovem escritor. Um escritor dedicado, com uma produção constante, tanto de romances publicados quanto por manter suas idéias cultivadas em um blog sempre atualizado, traduções e matérias publicadas em revistas. Hoje, no Brasil (e talvez no mundo) poucos são os jovens desta geração que conseguem criar obras que vão de um realismo interessantíssimo até beirar ou aderir prum estilo mais pop. São jovens que tiveram e tem uma experiência de vida extremamente diferente. Como Joseph Campbell já havia dito : "viver a bem-aventurança. Que é uma sensação profunda de estar presente, de realizar o que decididamente você acredita que deve fazer para ser você mesmo". E Santiago tem sido assim. Pelo menos, acompanhando sua trajetória de vida pelos livros, pelo blog e pelas experiências narradas em seus romances. Eu tenho lido os três primeiros : Olívio, Feriado de Mim Mesmo e A Morte Sem Nome. Olívio reli recentemente. É uma história de um jovem que ao ver seu amigo perder o emprego, este mergulha numa "decadência", sua vida dá uma revira-volta, termina o namoro, e começa a envolver com aventuras malucas num sub-mundo, envolvido com prostituição, sexo, drogas e assassinatos. Tudo acontece em uma semana. E a cada capítulo, é apresentado um novo personagem que vai envolvendo na trama. Na metade do romance, o quebra-cabeça está quase pronto e o leitor começa a ficar instigado para compreender aonde vai parar tudo aquilo. Como Olívio, um rapaz classe média, irá conseguir sair daquilo tudo. Seria um pesadelo? Seria um rapaz que resolveu dar uma guinada na vida, mesmo que num processo alto destrutivo, e encontrar a razão de ser? Ou estaria sendo enganado por um alter-ego, uma espécie de personagem imaginado e que seria tudo aquilo que um jovem sonhou ser a vida toda, mesmo que algo totalmente diferente dos padrões normais? Tem um outro personagem, Thomas, que muito me pareceu a própria figura do Nazarian. Thomas é um jovem gótico, misterioso, que coloca Olívio na pior roubada de sua vida. Talvez, Thomas estaria mesmo pregando uma peça em Olívio. E este, como todo bom rapaz com bons comportamentos, seria pego de surpresa pelos caminhos tortuosos da vida. A trama é muito bem narrada, uma história que não dá fôlego nem pausa. E somos mergulhados na obra. Não à toa, este "primeiro" romance de Santiago ganhou o prêmio Conrado Wessel de literatura. O próximo que vou ler será "Mastigando Humanos", que tem uma narrativa num estilo mais "pop". E quero prestigiar o lançamento de "O Prédio, o Tédio e o Menino Cego". Pra quem ainda não conhece este escritor, de 32 anos, fica minha recomendação. As escolas já começam a adotar seus romances. O que é um indício de que a literatura brasileira feita por jovens escritores, independente do gênero, está começando a colher bons frutos. Talvez, o cinema e a televisão sejam os formatos mais rápidos que muitos escritores encontram para de alguma forma dar um recado. A dramaturgia é um formato sedutor de escrita e diálogos com o público. Talvez, pelo glamour do teatro. Afinal, muita gente tem preguiça de ler livros e quer ver uma história contata por uma ambiência teatralizada. Enquanto que ir ao cinema seja uma idéia um tanto mais prática. Afinal, está tudo pronto na fala dos atores e lembra um pouco a televisão. Eu ainda continuo mantendo o hábito da leitura. E quero descobrir mais escritores que me instigam a vivenciar experiências diferentes através da literatura. Descobrindo mundos diferentes do meu. Exercitando os questionamentos, as dúvidas, as descobertas, os entendimentos. Mesmo através da ficção. A literatura sempre será este passeio por mundos que muitas vezes podem ser semelhantes aos nossos. Exatamente, porque os escritores são como nós : sofrem, vivenciam histórias, são felizes, infelizes, sensíveis, amam e odeiam, igual todo mundo. E muito boa sorte aos jovens talentos. E todos aqueles que, de alguma forma, estão presentes nesta literatura mundial.

Jardim Bizarro é o blog de Santiago.

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