sábado, 30 de junho de 2007
Flap : E quem Vive Disso ?
Acabo de retornar da Flap. Pude assistir ao debate sobre o tema "E Quem Vive Disso?". A idéia, pelo que percebi, era exatamente que os participantes da mesa aproveitassem a ocasião para comentar sobre seus sustentos e/ou opiniões. Entenda-se "sustento" como maneira alternativa de sobreviver com outros projetos. E não somente de letras. Num país que, ao meu ver, não valoriza a literatura como deveria, imaginem a luta dos escritores e afins para tal. E esta "não valorização" é porque não é foco. Todo mundo está careca de saber que é muito difícil sobreviver de qualquer tipo de arte aqui. Entretanto, quem consegue são poucos. A conversa focou em discussões tanto no sentido de esclarecer pontos como produção literária, mercado, prêmios de incentivo, como também divulgação. Santiago colocou bem a questão da estratégia de marketing inusitada de muitos. Como manter uma boa network de amigos conhecidos, programas televisivos e, principalmente, a net. Adréa Del Fuego colocou outra questão : sobre bolsas de incentivo para escritores e afins. Comentou-se do importante prêmio "Jabuti". Da relevância que se tem para um escritor ser agraciado com um prêmio destes. E tê-lo no curriculum. Alguém da platéia perguntou sobre o domínio público, sobre livros em formato digital, e ainda afirmando que o futuro tão breve das tecnologias mudará o mercado editorial. Houveram algumas resistências por parte de muitos da platéia e mesa. Eu acredito que as tecnologias vão sim, mudar muito a maneira como se lê, interage, compra, adquire um produto como o Livro. Não que eu seja contra livros de papel. Eu até sou colecionador. Porém, se podemos carregar gigabytes de informações em nossos celulares, notebooks, pen-driver e afins, por que não ter livros digitais para comprar, baixar e ler ? Assim como o cd está morrendo e, cada vez mais, surgem adeptos dos arquivos mp3, creio que o livro no futuro-breve terá uma outra cara, conceito, produto. E a era da informação ( domínio das tecnologias ) chegou faz tempo. Então, acredito que o assunto poderia também abrir pruma discussão sobre o futuro do escritor versus editoras. Como será a nova geração de escritores daqui 10 anos ? E como será o livro como produto ? Não acredito que os milhares de "não leitores" brasileiros terão acesso fácil à literatura nos próximos anos. Apesar do fomento do governo em projetos de "inclusão digital" que é muito sério e importante. É que temos um mercado que é muito volátil. Apesar que ainda dou uma credibilidade e acredito no modelo francês. Num país como a França - onde concentra-se o maior número de leitores do mundo - tanto a população quanto governo apoiam esta tradição da literatura, do livro e da arte de escrever. Assim como, eventos e feiras literárias. Poderia ser um modelo à seguir. E, novamente, volto às tecnologias e seu papel no sentido de ajudar e contribuir. O que estou preocupado é como ainda produzir um texto ( se isto irá virar livro digital ou papel, não importa agora ) e publicá-lo com maior facilidade. Como criar mercados de leitores, platéia, divulgação. Porque, afinal, conheço muita gente que escreve por encomenda, hobbie, profissão, para os outros, para si. Mas fico perguntando das dificuldades que eles tem. Anyway. Num país que produz um Euclídes da Cunha, uma Hilda Hilst, uma Clarice Lispector, não é possível que não tratamos da literatura com o devido respeito. Ainda não. Isto é, precisamos amadurecer mecanismos mais ágeis, prolíferos, de subsidiar a criação e produção literária. E gerar mais discussões sérias sobre o tema e assunto. Concluíndo, foi extremamente útil o bate-papo e a discussão que produziu o debate. E eu ainda fiz um gancho com minhas observações.
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