segunda-feira, 30 de março de 2009

Poesia : Ricardo Domeneck.

Tenho um jovem amigo, que disse conhecer Domeneck. Exatamente, o poeta radicado em Berlim é familiar deste meu novo jovem amigo. Porém, o jovem nov amig que nunca viu Domeneck, nunc vi domen eck, já ouviu sua música. Ouv su a music. Digo, música eletrônica. Music Eletronic. C. sic. Isto, porque Domeneck além de poeta é DJ, e ainda cineasta alternativo (considerando seus curta-metragens). A biografia de Domeneck segue aqui. Para os curiosos poderem ler quando der na telha. (deixo a gagueira de lado, era apenas brincadeira). Quanto ao meu novo amigo, my friend d d d, tive de dar um exemplar do livro "A Cadela Sem Logo". Que é um livro de poemas belos, criativos, bem feitos, uma edição caprichada e que afirma o talento de Domeneck na escrita. Passaram alguns dias e, coincidentemente, encontrei este novo amigo. E, por minha surpresa, o jovem estava quase desistindo do livro. Sendo por dois simples motivos : o primeiro era a dificuldade por entender poesia deste gênero. Que considero adulta. O segundo, era o quão tocante estava sendo a escrita de Domeneck praquele jovem. Foi uma antítese. Ficamos horas conversando about Domeneck, your biografia and poesia. No final das contas, o jovem (twenty years ago) acabou ficando surpreendido com a poesia e suas descobertas. Mais um iniciado. Digo, alguém que hoje reconhece um dj como poeta. Ou vice-versa. Artistas usam diferentes tecnologias e suportes para fazer arte, música, poesia, pintura, etc. Depois daquele encontro, fui até a Faap ver as novas aquisições do Museu. Encontrei com duas telas impressionistas de Anita Malfatti : "O Professor" e "Retrato de Homem". São telas que foram pintadas no início do século passado, datadas de 1913, por aí. Esta tela "O Professor" lembrou-me do escritor argentino Borges. Existem semelhanças. E semelhanças entre meu encontro com o jovem. Senti-me como professor, e o jovem como o rapaz da tela "Retrato de Homem". Eu sempre fico chapado com Anita. O quanto sua arte dialoga. Achei injusto todo aquele preconceito que ela sofreu em sua fase impressionista, logo que retornou da Europa. Sobre as críticas conservadores de Lobato e outros à respeito da ousadia de Anita. Eu confeço, admiro muito mais Anita do que Tarsila. Eu não gosto das telas da Tarsila, nunca gostei. Já visitei várias vezes museus para ver seus quadros, mas Tarsila não me comove tanto quanto Anita. Pois é, voltando a poesia de Domeneck. Este poeta me instiga a pensar poesia num outro patamar. É diferente de falarmos dos poetas do movimento concreto. Estes, eu sempre achei que apelavam pro visual e deixavam a palavra um tanto limitada naquele espaço físico quase obrigatório da poesia concreta. Domeneck nos trouxe um belo livro. E percebi caminhos novos conhecendo a poesia dele. Num formato que surpreende e instiga pelo gosto tanto da leitura quanto da escrita. Do universo de coisas, histórias, sentimentos ali impressos. Quanto ao meu amigo jovem, daqui um tempo poderei dizer como foram tais avanços. Não é fácil gostar de poesia e eu entendo. Pra quem tiver curiosidade, a 7Letras em coedição com a CosacNaify trouxeram uma bela coleção de poesia : Às De Colete. Recomendo todos.

London Marathon :: Parou, urinou e voltou a correr.

domingo, 29 de março de 2009

Scars on Broadway


Scars on Broadway
Composição: Daron Malakian

I am the one
that's calling inside of
your brain.
I am the one
that makes you feel all the pain.
Never mind my name!
We don't want to believe
That the world will still move on,
We don't want to believe
That the sun can still shine on.
If we're gonna kill each other,
How we gonna live forever
If we're gonna live forever,
How we gonna kill each other.

Negative - Won´t Let Go

O primeiro single deste álbum "Karma Killer" - de 2008, é muito bom. Faz tempo que não ouvia uma banda jovem e com tanto potencial. Eles tem um cuidado com a produção dos clipes, muito bem feita. E preocupam-se com figurinos e performance digna de estrelas. Suas canções buscam melodias certas, bons temas, o cuidado da vóz rouca e com todo requinte do bom hard-rock. Não é mais uma fórmula blaze, alguma coisa pré-produzida. Creio que esteja despontando uma banda que irá fazer história. Mesmo que seja com este legado do hard-rock. Afinal, gênero muito bem nutrido por ouvintes fiéis. Muito boa sorte aos guris.


Qual o sexo do teu cérebro ?


Dani, fiz tal teste (com total fidelidade das respostas) e deu masculino. Eu não fiquei surpreso ao saber que o seu teste daria masculino. E acho incrível. Só não sei se confio plenamente nestes resultados. Uma vez que considero o cérebro ausente desta determinação sexual. Sendo oriunda da questão biológica. Ou seja, a pessoa é muito mais aquilo que ela cultiva, vive, como da educação que recebeu e construiu seu ser. Por isto, acredito que um homem pode ser sensível as coisas ao teu redor. Independentemente e adverso do rótulo de machista ou frágil. Eu fico desapontado com tal cobrança, de que homem tem que ser durão e mulher delicada. Isto é coisa de 200 anos atrás. E o movimento feminista tem provado um tanto contrário. Assim como, das diferenças do mundo oriental versus nosso mundo ocidental. Que bom usarmos calças jeans. Infelizmente, caímos nesta guerra dos sexos aquém da inteligência e sensibilidade. Contudo, acho a somatória incrível. Homens e mulheres - quando combinam genialidade, sensibilidade e criatividade - podem dar vida a coisas sensacionais. Bastam deixar fluir este lado mais sensível e espiritual. A tal competição provou que tanto homem quanto mulher podem estar lado à lado em qualquer setor. Sendo justo vencer o melhor, e não o mais forte ou que venha a roubar. Enfim, somos seres complexos e difíceis de entender. Admito que ainda penso que recorrer a psicanálise pode ser um trunfo numa situação complicada em compreender o humano e a nós mesmos.

sábado, 28 de março de 2009

post-mortem

Não é de hoje que homens : atores, artistas, roqueiros e afins, abusam de maquiagens, salto-alto tipo scarpins, roupas de couro e vinil. Imagino que a geração Glam deu um pontapé inicial. E isto não pertence a geração internet, vou logo avisando. Até porque, a internet bombou mesmo depois do fatídico início deste novo século. Ou seria melhor dizer da virada, pós anos 2000. E tudo que veio junto com a internet, vídeos e sites de U2 à Green Day, de Madonna à Britney. Dá pra gente contabilizar o que os adeptos da internet andam ouvindo à partir de um bom termômetro : os vídeos postados no youtube (magnífica invenção pós-modernismo). Teve também a MTV, seu papel fundamental na construção do universo pop e suas celebridades. Porém, podemos dizer que pro underground isto estava restrito e fechada. Muitas bandas não conseguiram entrar pra MTV, e hoje estão no youtube e myspace. Outras pouco importavam com isto. Morrisssey nunca apareceu lá e continua sendo deus e amado pelos fãs. Pois é, entramos numa era onde tudo que soa pras grandes massas é pop, é pós-punk e sendo assim, pós-modernismo. E o humanismo acabou. Exatamente, vivemos noutra era onde os valores humanos, ou melhor dizendo, a própria sociedade e seus valores, sabotaram o humanismo. E o que vemos hoje é uma relação fajuta de uma tentativa esnobe e decadente (se é que podem andar juntas, assim dizendo) de juntar cacos quebrados (vide a decadência do catolicismo) e tentar fazer um mundo melhor. Isto é, mondo bizarro. Aquele espírito do faça-você-mesmo alardeado pelos punks novaiorquinos e os tais fundadores do Glam Rock foi mal interpretado. A ideologia dos punks virou receita de bolo de livros de coaching para executivos entediados ou em busca de um emprego do século. E hoje, o mundo proclama uma nova independência. Mas que independência? Da pirataria estariam comentando? Da música livre em sites de downloads? Ou da mídia que tudo fala e tudo sabe? Talvez, esqueceram o underground. E, por isto mesmo, viva os independentes. E é desta independência que estou falando. Daqueles que conseguiram viver longe dos holofotes, que não entraram pra internet com a mesma fúria que Madonna ou Britney. Viva The Cramps. E que bom Lux Interior ter existido. O exuberante e exêntrico vocalista da banda de garage punk : The Cramps, faleceu de problemas cardíacos no dia 04 de Fevereiro de 2009. A banda teve inúmeros integrantes ao longo de décadas de estrada. Lançaram cerca de 14 discos e outras coletâneas. Os singles "Can Your Pussy Do the Dog" e "Bikini Girls with Machine Guns" foram responsáveis por dar à banda uma fama de cult. Lux faleceu com 63 anos de idade. E, talvez, o mundo nem informou-se o suficiente. Vivemos a era das crises, dos escandalos, da falta de valores humanos claros, da competição em massa, o que a globalização poderia unir (como foi alardeado anos atrás) só trouxe o desespero, o individualismo e a sociedade do espetáculo vive para o consumo como forma de aniquilar seus medos, escondidos atrás de suas hdtvs cercadas de seriados televisivos de mentirinha. O rock não é mais o mesmo e não se fazem mais ídolos como antigamente. A arte morreu - por enquanto - e a culpa é do pós-modernismo. Os nossos ídolos estão indo embora.

"Naked Girl Falling Down The Stairs"



"Bikini Girls with Machine Guns"

"Ultra twist"

sexta-feira, 27 de março de 2009

" O mundo é um moínho "... linda canção de Cartola. Fala da relação dele com a filha, que parte cedo de casa em busca de teus sonhos.

domingo, 22 de março de 2009

Ainda sobre os heróis e os anti-heróis ...
"É importante que façamos um esforço insofismável de queimarmos nossos ídolos quando eles forem um entrave ao processo de renovação cultural."- Carlos Drummond de Andrade em 1927 para 'A Revista'
O herói é uma merda, mas o nosso ídolo é do caralho. No Café Filosófico, meu ídolo ... confiram entrevista com Gerald Thomas.





Estou de acordo, Stanislaviski é um saco, e tal idenfiticação desta busca do consciente pelo inconsciente, emoção emotiva, esta busca doida por achar que o personagem pode ... Desisto.
Penélope Cruz, a atriz espanhola mais famosa do mundo, está chegando por aí. Neste longa de Almodovar. Confiram no El Pais. Almodóvar (gênio do século) está cada vez melhor, surpreendente, com suas personagens mulheres que fazem o mundo dos homens parecer tão sem graça e suas brilhantes histórias carregadas de personagens densos, dramáticos, que a qualquer momento podem espatifar igual jarro de vidro arremessado na parede.

http://www.elpais.com/especial/pedro-almodovar/

"Un hombre cegado por el pasado recorre su vida con ayuda del cine en la nueva película del director español más internacional. Una película-rompecabezas con la que disfrutar de un juego narrativo de excepción que reúne por tercera vez al manchego con una Penélope Cruz ganándose a pulso el estatus de mito. Duplicidades, hipertextualidad y melancolía en una película tan compleja como fascinante que confirma a su autor como uno de los grandes."

sábado, 21 de março de 2009

Olá Kate, como vai ?

Na minha adolescência, eu adorava as campanhas da Ellus. Pois, foi com tais publicidades que eu sonhava com Kate Moss, Milla Jojovich e Cindy Crawford. Esta última foi responsável por fazer com que eu e uma ex-namoradinha fôssemos participar de um concurso (nem sei se existe mais) chamado "Look Of The Year". Fizemos as inscrições e mandamos fotos. E nunca mais ouvimos falar dos acontecimentos. O ano ? Era 1990. Provavelmente, nem tivéssemos talento para tal. Que bom. Deu um estalo e montei uma bandinha de punk-rock. Bem, como as coisas mudaram. Milla virou atriz, roqueira e, além de modelo é dona de uma griffe de roupas. Pois é, do lado atriz de Milla sugiro assistirem ao futurista e ótimo filme "Ultraviolet". Verão uma Milla diferente, atriz multifacetada que é, vive neste longa uma personagem vampira. Um tanto heroína entre vampiros modernosos e vilões, bandidos chineses e garotos bonzinhos tipo New Kids On The Block. Vale conferir o figurino e a cidade futurista Hong-Kong - que foi toda mapeada e utilizada no filme em animações ou momentos reais. O curioso foi saber que o diretor do longa escreveu a história já pensando na personagem que daria de presente para Milla. Por aí, podemos ver o poder de sedução e admiração que estas mulheres criam diante do mundo à volta.

Olá Kate, como vai ? Acontece que resgataram a Kate pruma campanha nacional de jeans. Trata-se da marca Fórum. Bem, eu nunca gostei de foruns. Porém, como tudo no mundo da moda vai e volta, o que importa é o poder destas modelos de influenciar as pessoas num conceito e convencê-las a obter tais itens de consumo. Sim, o que importa não é apenas a beleza destas mulheres que estampam publicidades. Contudo, o poder de sedução e apelo à vendas de um produto ou idéia. E Kate Moss é sublime, fenomenal, imagética.
Olá Kate, como vai ?
você passa teu tempo vendo estes idolos belos e belas de hollywood, com tais historinhas de amores e namoricos mal sucedidos, enquanto esta é a nossa cidade, nosso pais. o que você fez ou faz para mudar isto ? se não tem coragem de enxergar a realidade, cobre seu rosto com manto e abre sua mente para enxergar contos de fadas. a realidade dói mesmo. é aqui que teus pais resolveram te parir. eis a realidade dos teus semelhantes. então, agradeça o fato de tudo bem e ajude a mudar o tudo mal. o vídeo abaixo exibe moradores do bairro glicério. nota: marca multinacional no boné.


Glicerio Without Number from Matheus Siqueira on Vimeo.


Disse o mestre : "O teatro nunca pertenceu aos palcos". A vida aqui fora nunca esteve tão amarga. A culpa deve ser mesmo da crise. Cortaram o teu cafézinho. Agora, custam apenas 1.30 e vc preocupado com a crise. Enquanto isto, os kamikazes de hollywood bombam. E wall street nunca mais será a mesma, com o índice down jones tão down. Shakespeare ... onde foram parar nossos heróis ?
Agora, andam pelos subterrâneos e túneis de wall street. Enquanto isto a fashion week andou tão simplezinha. Tá todo mundo economizando. Cadê as plumas e paetês ? Os bobos voltaram. Circulam pela paulista de terninho e gravatinha, com sacolinhas de promoções. Na época da crise, dar conta das promoções chega a ser tarefa árdua. Nunca vimos tantas coisas baratas. E a gravata da Armani paga em 10 vezes. Chique mesmo é dobrar o faturamento, em dois. Isto é, você pega tudo e divide por dois. Está dobrado. Concorda ? Lucro ? Isto só pra daqui uns anos. No momento, até o cafezinho foi cortado. Já te contei. Shakespeare, porque no país do Super Homem tem tanto anti-herói ? Agora, deram de dominar o mundo e quebrar empresas, bancos, seguradoras. Tá ta ta as peças estão tombando no tabuleiro e os soldadinhos de chumbo virarão João bobo, tombam daqui e dali. Nunca vi crise tão feia, mas ta tão feia que nem traveco está saindo mais na rua. Tá uma crise geral. Fui no cinema outro dia e não tinha quase ninguém. E a economia do ingresso. Mas é só aparecer um kamikaze hollywoodiano que corre todo mundo pra ver. Deu na TV, chuvarada inunda carros. E os carros agora virão com air bags e bóias bags. Tudo para fugir das enchentes. E o congestionamento ? Tem pra tudo quanto é gosto : linhas congestionadas, nariz congestionado, crise congestionada, transito, aeroporto, tudo ... ta tudo parado. É do palco para vida ... afinal, a arte sempre imitou a vida. 2012 está chegando, o ano do calendário Asteca. Seriam os Astecas astronautas ? Estarão voltando em cena para nos salvar ? Dizem que estamos vivendo um período conturbado, para nos adaptarmos para uma nova era, estamos vivendo uma transformação. Eu que ando curando meu peito, superando crises existenciais, não me incomodo com 2012. Afinal, estarei com quase 40 anos de idade. Ou seja, outro ciclo emocional. E down jones viverá uma ninfeta num estrelado filme bollywoodiano. E ganhará outros oscares. Só para elevar a audiência televisiva da nobre premiação com tapetes vermelhos e musas forradas de diamantes e esmeraldas. É a crise.

sexta-feira, 20 de março de 2009

e nesta onda rock, não poderiam faltar os góticos. Him e o frontman Ville Valo numa performance incrível de Rebel Yell ... E acabaram de realizar shows em Madri.

Sou mais adepto do visual Glam rock, ao invés do visual kei (referente as bandas de jrock japonesas). Talvez, pela cultura ocidental mesmo. Minha geração foi totalmente influenciada pelos restos da cultura glam, poluidos aqui e ali de punk e hardrock. e no final das contas, veio o Kurt e fodeu tudo, muitos viraram grunges. Sejam pelas atitudes, sejam pelas idéias, aparências e o que tinham para falar. "Negative" aborda algo bacana da cena Glam e revitaliza o gênero. Uma vez que a banda, apesar de filandesa, tem influências que vão do Queen, David Bowie até Gun´s and Roses. Particularmente, sonoridades que sempre ouvi e nunca abandonei. Acredito que o Glam nunca esteve tão em evidência quanto neste início de século. Porém, homens maquiados já não impressionam tanto quanto antigamente. Imaginem nos anos 60 como deveria ser alguém de maquiagem aparecendo por aí. Talvez, quem viveu o sucesso da banda "Secos & Molhados" possa dizer o que era aquilo num Brasil antiquado. Hoje em dia, meninos como "Negative" agregam, trazem sangue novo e renovam. Mas a velha guarda continua com a locomotiva à todo vapor, em cena e borbulhando. Longa vida ao sangue ora renovado ora desgastado do bom e velho rock-and-roll. Sem ele, o que seriam de nossas vidas ? Provavelmente, as "brocolis spears" dominariam muito mais.





Negative - Bez Promene

L'Arc~en~Ciel (banda de jrock japonesa)

L´arc significa arco-íris em frances. Também, é um belo nome pruma banda decana de jrock. Na estrada desde 1992, L´arc faz estrondoso sucesso. Apesar das constantes mudanças culturais no país do sol nascente. Se por um lado, existe uma onda emocore e outras inúmeras influências quase indefiníveis de sonoridades por conta das novidades que chegam ou saem do Japão, L´arc aparentemente parece fiel ao estilo que os consagrou. O vídeo "Drink It Down" mostra um pouco do potencial sonoro da banda. Além de fazer um som calcado num rock beirando o pop, com guitarras velozes, bateria nervosa e um vocal até melódico, tem uma produção bem interessante de videoclipe e comunicação. Percebam pela cenografia proposta, na narrativa quase semelhante de um curta-metragem e que acaba por apresentar muito bem a banda. Quanto ao vestir dos rapazes, aparentemente normais prum padrão japonês de bandas de jrock (eles ainda não adotaram o famoso visual kei). No entanto, sabem escolher o que vestir em combinação com a ótima música. Afinal, eu já não consigo ouvir muita coisa. Meu ouvido está muito mais acostumado ao jazz e blues. De maneira que, rock muito pesado já não me atrai. Este som vai para minha amiga Dani, ouvinte de j-rock e fã de visual kei. Quem sabe eu ainda não mude de opnião e acostume também com o visual kei.




"Shine" vem carregada de efeitos especiais, numa produção mais artística. Porém, o som não engana. Os músicos são muito bons.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Prêmio Shell de Teatro : sai lista premiados em São Paulo

Super merecido o prêmio de Figurino por "O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado". Lembro que há dois anos atrás, entre 2007 e 2008, fotografei esta trupe - Cia. São Jorge de Variedades - durante apresentações na praça da República e outros espaços do centro de SP. Toda equipe, incluindo atores, atrizes, direção, arte, música, foram felizes neste espetáculo, muito querido pelo público. Postei algumas fotos no flickr e hoje percebo o quão rico e belo é este espetáculo quando revisito tais fotografias. As lembranças são tão fortes e atemporal. Esta companhia tem uma história que, talvez, possa ser contada um dia por alguém. Lembro que um ator faleceu semanas depois que fiz uma série de fotografias. Noutra vez, pude notar que alguns atores haviam sido substituídos. Imagino o quanto é difícil manter uma equipe deste tamanho com uma peça complexa, que requer um esforço dobrado. Uma vez que tudo passa na rua e a interação com o público é de um desgaste redobrado. Afinal, estar na rua é receber além do calor humano, também os impactos naturais como chuva, sol, calor e frio. Parabéns à CSJV (Cia. São Jorge de Variedades) por este prêmio.

Quanto aos atores do CPT, é magnífico terem sidos reconhecidos na Categoria Especial pelos 10 anos de Prêt-à-Porter. Venho acompanhando desde o PP4 e jamais deixei de prestigiá-los. O talento refinado e dedicação daqueles atores, somado à uma dramaturgia muito bem escrita e trabalhada e uma cenografia inteligente e econômica, faz da série um estudo permanente - tanto pelos atores em constante processo de aprimoramento e evolução quanto por uma platéia atenta e estudiosa. Vê-los é mais do que prestigiar a arte, é poder compreender um pouco mais de algo que esta cada vez mais raro : o Homem e teu aperfeiçoamento, enquanto ser integrado numa sociedade mutante, que evolui num processo contínuo, cujo aprendizado faz parte da sua sobrevivência e da arte não como sustento e sim sabedoria. Afinal, viver pela arte e não de arte é mais do que status, é uma opção de vida que custa muito caro num país sub-desenvolvido. E onde a cultura representa um item de baixa relevância pelas classes maioritárias, compreender a arte e vivê-la parece ser uma tarefa sobre-humana. No entanto, creio que a saída pro desenvolvimento humano ainda é e será pela cultura.


Prêmio Shell 2009 / Teatro

Lista dos vencedores:

Autor
Marçal Aquino e Marília Toledo, por "Amor de Servidão"
Direção
Marco Antônio Braz, por "A Alma Boa de Setsuan"
Ator
Domingos Montagner, por "A Noite dos Palhaços Mudos"
Atriz
Isabel Teixeira, por "Rainha[(s)] - Duas Atrizes em Busca de um Coração"
Cenário
Renato Bolelli Rebouças, por "Arrufos"
Figurino
Silvana Marcondes, Fernando Sato e Júlio Dojcsar, por "O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado"
Iluminação
Felipe Cosse e Juliano Coelho, por "Aqueles Dois"
Música
Josimar Carneiro, pela direção musical de "Divina Elizeth"
Categoria especial
Centro de Pesquisa Teatral do Sesc, pelos dez anos do projeto Prêt-à-Porter
Homenagem
Professor e editor Jacó Guinsburg, pela contribuição ao pensamento crítico do teatro no Brasil


Maiores detalhes neste link : http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u536574.shtml

terça-feira, 17 de março de 2009


"There is a method, a Sufi method know as dervish dancing. Sufis dance. You might have observed small children whirling, dancing round and round and then getting in a whirl... And small children like whirling. Why? -- because when they whirl, they get a deep kick, and in that kick they again feel themselves beyond the body. And that's a beautiful experience -- that's why they like it. Studying this whirling of children, Sufis have developed a method, a meditation method -- they turn, whirl. ... they will tell you to dance, and go on in a mad whirl, and remain a witness -- as if a wheel is moving, and the axis is there and on the axis, the wheel is moving...The axis remains constantly in one position, centered, and the wheel moves on it. Whirl like a wheel, and remember your witness inside as a center. Suddenly you will feel you are the center and the body is just a wheel." - Osho

domingo, 15 de março de 2009

"As palavras não dizem tudo, mesmo o tudo sendo fácil de dizer. Melhor dirá o mudo se viver o que acredita". (Eugenio)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dream World ... você pode!

Não tem nada de efeitos especiais. Entretanto, os caras mandaram bem porque dominam o software de edição. O resultado é divertido, very cool. Pena que parei de fumar e não dá pra acompanhar a moda. Já o efeito "pula-pula" dá pra tentar. Melhor fazê-lo com um belo tênis, que tal um Lunar Trainer ?


quinta-feira, 12 de março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009


"Ele é o Henry J. Kaiser ou o Walt Disney desta era", disse Kevin Starr sobre Steve Jobs.

Ando lendo vagarosamente, serenamente e prazerosamente o livro "A Cabeça de Steve Jobs". Nem sei se este livro entrou pra lista dos mais lidos da última semana ou do mês destes periódicos semanais. Logo que vi numa livraria comprei e já estou no capítulo 4 ("Contrate apenas atores nota 10, demita os idiotas"). À priori, o título sugere "as lições do líder da empresa mais revolucionária do mundo". No entanto, o que lemos além das lições, é uma chuva de citações, algumas elogiando e outras difamando Jobs. As difamações é de fazer cair o queixo de qualquer pessoa séria. Em 1997, é ilário de acreditar que Steve retomou o posto de CEO (iCEO como diziam na apple) estando vestindo bermuda, camiseta, cabelos compridos e barbudo logo no primeiro dia de reunião do conselho. Do CoN-SE-LHOOOOO !!!! Vocês devem estar perguntando. É. Claro, o cara que ressuscitou a Apple pode. Mas, vai um mortal qualquer fazer o mesmo, que uma ambulância levará o sujeiro da empresa direto pro sanatório no mesmo dia. E o CEO anterior ao Jobs - e que enterrou a Apple naquele período sombrio - fez algumas boas loucuras, tal como comprar um para-quedas folheado à ouro avaliado em 7 milhões de dólares. Será que o cara queria brilhar no céu ? Eu faria diferente, arremataria em leilão recente obras-de-arte que pertenceram ao Yves Saint Laurent e colocaria todas numa sala de museu. E cujo título da exposição seria sujestivo alguma campanha de marketing da empresa. (brincadeira). É o que digo, é um luxo, quase um atributo absoluto, é de poder trabalhar em alguns setores onde pode-se vestir o que bem entender e ser como desejar. Ah, e ainda demitir pessoas no elevador, praticar depotismo, humilhar colegas de trabalho, ser hedonista, egóico, original, narcisista e ainda assim ser fanático por trabalho e tecnologia e tornar-se uma das pessoas mais poderosas e ricas do mundo! Isto é coisa de roteiro de filme americano! Pode ser. Não entendeu ainda ? Leia o livro comentado acima. Querem saber ? Sou fã de Jobs.

terça-feira, 10 de março de 2009













Por agora, deu uma vontade de voltar a morar no campo, num rancho, sítio ou chácara. [Dia destes, uma amiga minha que já é mãe (não esqueci, abre parênteses : dia 08 foi o "Dia das Mulheres"; Parabéns) diz que precisa ganhar dinheiro para comprar um sítio.] Pois é, quisera eu ter uma casa destas. Não aguento mais apartamentos.

segunda-feira, 9 de março de 2009

minha cabeça estremece ...

"Minha Cabeça Estremece"
Poema de Herberto Helder, lido pelo poeta.

Minha cabeça estremece com todo o esquecimento. Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.Falo, penso. Sonho sobre os tremendos ossos dos pés. É sempre outra coisa,uma só coisa coberta de nomes. E a morte passa de boca em boca com a leve saliva,com o terror que há sempreno fundo informulado de uma vida. Sei que os campos imaginam as suas próprias rosas.As pessoas imaginam os seus próprios campos de rosas. E às vezes estou na frente dos camposcomo se morresse;outras, como se agora somente eu pudesse acordar. Por vezes tudo se ilumina.Por vezes sangra e canta. Eu digo que ninguém se perdoa no tempo. Que a loucura tem espinhos como uma garganta. Eu digo: roda ao longe o outono, e o que é o outono? As pálpebras batem contra o grande dia masculino do pensamento. Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra. Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.
- Era uma casa - como direi? - absoluta.
Eu jogo, eu juro. Era uma casinfância. Sei como era uma casa louca. Eu metia as mãos na água: adormecia,relembrava. Os espelhos rachavam-se contra a nossa mocidade.
Apalpo agora o girar das brutais, líricas rodas da vida. Há no esquecimento, ou na lembrança total das coisas, uma rosa como uma alta cabeça, um peixe como um movimento rápido e severo. Uma rosapeixe dentro da minha ideia desvairada. Há copos, garfos inebriados dentro de mim.
- Porque o amor das coisas no seu tempo futuroé terrivelmente profundo, é suave,devastador.
As cadeiras ardiam nos lugares.Minhas irmãs habitavam ao cimo do movimentocomo seres pasmados.Às vezes riam alto. Teciam-seem seu escuro terrífico. A menstruação sonhava podre dentro delas,à boca da noite. Cantava muito baixo. Parecia fluir.Rodear as mesas, as penumbras fulminadas. Chovia nas noites terrestres. Eu quero gritar paralém da loucura terrestre. — Era húmido, destilado, inspirado. Havia rigor. Oh, exemplo extremo.Havia uma essência de oficina. Uma matéria sensacional no segredo das fruteiras, com as suas maçãs centrípetase as uvas pendidas sobre a maturidade. Havia a magnólia quente de um gato. Gato que entrava pelas mãos, ou magnóliaque saía da mão para o rosto da mãe sombriamente pura. Ah, mãe louca à volta, sentadamente completa. As mãos tocavam por cima do ardora carne como um pedaço extasiado.
Era uma casabsoluta - como direi? - um sentimento onde algumas pessoas morreriam. Demência para sorrir elevadamente. Ter amoras, folhas verdes, espinhoscom pequena treva por todos os cantos. Nome no espírito como uma rosapeixe.
- Prefiro enlouquecer nos corredores arqueadosagora nas palavras. Prefiro cantar nas varandas interiores. Porque havia escadas e mulheres que paravamminadas de inteligência. O corpo sem rosáceas, a linguagem para amar e ruminar.O leite cantante.
Eu agora mergulho e ascendo como um copo. Trago para cima essa imagem de água interna. - Caneta do poema dissolvida no sentido primacial do poema. Ou o poema subindo pela caneta, atravessando seu próprio impulso, poema regressando. Tudo se levanta como um cravo, uma faca levantada.Tudo morre o seu nome noutro nome.
Poema não saindo do poder da loucura. Poema como base inconcreta de criação. Ah, pensar com delicadeza, imaginar com ferocidade. Porque eu sou uma vida com furibunda melancolia, com furibunda concepção. Com alguma ironia furibunda.
Sou uma devastação inteligente. Com malmequeres fabulosos.Ouro por cima. A madrugada ou a noite triste tocadasem trompete. Sou alguma coisa audível, sensível.Um movimento. Cadeira congeminando-se na bacia, feita o sentar-se. Ou flores bebendo a jarra. O silêncio estrutural das flores. E a mesa por baixo.A sonhar.

Herberto Helder, Poemacto II
Fonte: Triplov

sábado, 7 de março de 2009

acontecimento: hoje, só amanhã.
poeta: Álvaro de Campos, by Pessoa.
objeto: livros.
arte: psicanálise. movimento de arte: Barroco.
verdade: faltar com a mentira.
mentira: faltar com a verdade.
música: minimalismo.
um dia: adeus.
rock: acabou.

palavras te dizem alguma coisa desde que sejam escritas de forma ordenada apesar daquelas outras que borbulham idéias na tua mente até o momento que você não consegue mais prestar atenção em nada e como um míssil fazendo pressão achado de consoantes e vogais sendo desenterradas do teu miolo e gritando nos teus ouvidos até que alguém até que o tempo até que o cansaço te devolva pro teu sono profundo e novamente você acreditará que uma criatura lunar fodida de horrenda e má pegou nos teus pés só para te acordar as 4:00 horas da madrugada e este calor sufocante em pleno mês de março é verão você está pensando sim é quase outono as roupas das vitrines estão outonais porém este calor que aquece o globo e seus ácidos para clareamento da tua pele hoje e ontém e a semana fez-se mais calor que dezenas de outros anos atrás exatamente hoje o índice de radiação aumentou numa escala de risco quando você homem bomba prestes a estourar seus miolos pelas palavras que repetem como poesia concreta pensou em pular do vigésimo andar acreditando que poria fim na história do rock e da poesia concreta porque ainda não encontrou o teu poeta predileto ou uma música que tocasse na rádio que fizesse você apaixonar-se novamente então pôs um ponto final da amizade no amor na loucura desta vida para viver sem fé porque deixou de acreditar num deus maior que tudo vê e tudo protege sim não sim não não quer mais acreditar nas palavras sábias da tua mãe desligou o telefone e seu computador não conecta mais na internet somente agora carrega as baterias do teu ipod para poder procurar e baixar músicas que te fassam acreditar que você irá encontrar novamente aquela canção que te faça apaixonar-se como pela primeira vez então tudo estará resolvido voltará as pazes com o mundo e as amizades e o amor e viverá sem problemas com a poluição o transito as guerras a faixa de gaza tudo livre e lindo e belo como o raiar do sol e novamente as palavras repetem na tua cabeça como capitalismo marx freud jung psicologia homeopatia compromissos depósitos contas débitos lucros dividendos e trabalho e trabalho e trabalho e jornadas de ir e vir vir e ir ao supermercado casa trabalho casa banco casa supermercado cama banheiro cama chuveiro cama geladeira privada pia guarda-roupa cuecas sexualidade calças camisas camisetas flores plantas árvores e você envelhece e você está ficando velho e chegando a conclusão que o rock acabou e aquela música que mudaria sua vida e faria você apaixonar-se de novo aquela música ela se perdeu sem você conseguir ouvi-la ela se foi dentre milhares de gigabytes da internet ela se foi e você nem percebeu e agora você em sono profundo vê alice no país das maravilhas e o coelho ele te percebe o coelho ele está querendo te dizer algo e novamente você acorda e tudo repete novamente tudo outra vez
"A Festa da Menina Morta", é o primeiro longa dirigido por Matheus Nachtergale. Terá estréia nos cinemas em breve. Eis um filme que gostaria muito de vê-lo. Linkei abaixo entrevista do diretor concedida durante festival de Gramado.

Público menos exigente que tudo aplaude ...

http://aplausobrasil.ig.com.br/materias/507501-508000/507686/507686_1.html

SÃO PAULO – Quando algo ao final de um espetáculo deixa a sensação de vazio, como se faltasse tempero para que ele fosse servido ao público, é inevitável a reflexão sobre suas ‘deficiências’. Três peças em cartaz – Cold Meat Party (Festa do Presunto), Macho Não Ganha Flor e Sexo Verbal –, as quais considero providas de algum valor, convidam à reflexão já que, ao sair da sala, senti: ‘algo faltou’.

Teatro com sabor de sitcom

Um dos elementos mais desconcertantes do espetáculo – e que, infelizmente, parece ser a tônica determinante da encenação de Cold Meat Party (Festa do Presunto) – diz respeito às inserções de vinhetas musicais separando as cenas e dando a sensação de que estamos assistindo um sitcom, ou seja, um seriado de TV como Friends numa ampliada tela que é o palco. Sem preconceito algum com sitcons – sou fã de Friends – mas, acredito que no teatro deve-se fazer teatro

O espetáculo não é de todo mal e, ano passado, quando o assisti no Festival de Curitiba, lembro de ter feito critica bastante indulgente sobre ele. O texto de Brad Fraser, autor canadense do qual conhecemos Pobre Super Homem e Amor e Restos Humanos, tem um humor cáustico e ferino, é povoado por personagens arquetípicos de centros metropolitanos e evoca temas absolutamente contemporâneos como sexualidade, AIDS, câncer e as eternas dicotomias vida/ morte, sucesso público/ frustração profissional, dinheiro/ felicidade entre outros.

Até aí tudo bem, mesmo ressaltando que Cold Meat Party (Festa do Presunto) traga em seu pano de fundo uma realidade bastante distante da nossa, como o são as cerimônias funerais em países de origem anglo-saxônica, o que cria uma fissura entre o realismo que a peça parece se propor a acentuar e nosso cotidiano a quem essa linguagem cênica deveria se dirigir.

A cenografia e a encenação – aqui vale um à parte de que o fato pode ter a ver com a falta de recursos satisfatórios para a ousadia da encenação ir mais longe na forma de contar a história – não vão além do trivial em sua concepção.

Contudo, um público menos exigente quanto às propostas artístico-estéticas encontra seu quinhão de divertimento em Cold Meat Party (Festa do Presunto).

“A moda” do teatro em edifícios não teatrais

Lembro-me da ensaísta, escritora e teatróloga Renata Pallottini dizer, em certa conferencia, que, talvez, um dos caminhos profícuos da nova dramaturgia brasileira seria um diálogo entre texto, encenação e espaço onde ela acontece. O problema é quando um dos tripés desse diálogo está fora de eixo e não há comunicação com o restante: aí a encenação em espaços alternativos perde seu caráter de experimental diálogo e entra no terreno do modismo, caso do espetáculo Sexo Verbal em cartaz no Casarão do Belvedere.

Embora o título leve a crer tratar-se de um espetáculo apelativo, de teor erótico e vulgar, Sexo Verbal é apenas o título referente aos temas dos contos, crônicas e outros textos que formam o conjunto da peça.

Aqui o primeiro problema: mesmo que a maior parte dos textos seja de autores do naipe de Hilda Hilst e Caio Fernando Abreu, com origem de qualidade insuspeita, não há um trabalho dramatúrgico que una as cenas e unifique o espetáculo.

O caos causado pela falta de dramaturgia ganha acento com uma direção confusa de Áurea Karpor, que realiza as cenas em ambientes sem ordenação com o processo orgânico do texto, ou seja, a condição de diálogo entre espaço e ação, tanto para maior adesão do público à cena, quanto para que não pareça que o Projeto Bazar almeje, tão-somente, aderir a um experimentalismo como se ele fosse moda, fica bastante prejudicada.

Como Sexo Verbal é o segundo trabalho do nascente Projeto Bazar vamos torcer para que as arestas do grupo sejam reparadas em espetáculos futuros.


Faltou dramaturgia

Um dos grandes méritos do autor curitibano Dalton Trevisan, a quem o espetáculo Macho Não Ganha Flor, em cartaz no Espaço dos Satyros 1, é a ousadia e originalidade com que retrata a sociedade curitibana. Sem concessões. Ampliando o olhar, comumente unilateral, de uma Curitiba sem problemas sociais. Não que eu esperasse, nem tampouco desejasse uma peça de temática social. Os próprios contos do Vampiro de Curitiba estão mais interessados em reflexões sobre o ser humano do que em qualquer outra coisa, mas como em Sexo Verbal, a ausência de dramaturgia deixa o espetáculo com jeito de retalhos sem remendo.

João Luiz Fiani dirige com destreza e economia o trabalho do ator Marino Jr. Que, apesar de precisar cuidar de sua dicção, consegue o muito através desse pouco, ou seja, o recurso que utiliza é seu próprio instrumento físico – corpo e voz – para criar os diferentes personagens que interpreta. Esperava uma interação mais criativa com o telão e os vídeos que compõem o repertorio audiovisual do espetáculo, mas compreendo que Fiani preferiu focar na força interpretativa em lugar de um dialogo com mídias suporte de encenação.

A iluminação de Beto Bruel e a trilha de Jader Alves contribui com o bom desempenho do espetáculo que só não alcança vôos maiores devido à quebradiça estrutura dramatúrgica.

sexta-feira, 6 de março de 2009

“O principal é não mentir para si mesmo. Quem mente para si mesmo e dá ouvidos à própria mentira chega a um ponto em que não distingue nenhuma verdade. Nem em si, nem nos outros e, portanto, passa a desrespeitar a si mesmo e aos demais.”
Do livro "Os Irmãos Karamazov", Dostoiévski.


O que Picasso, Van Gogh, Matisse ou Oscar Wilde tinham em comum ? Alguém deve estar se perguntando. Não é bem isto. Algum utilitário em comum ? Isto sim. E você pode ter um destes também. Atualmente, é um objeto de desenho ou uso de muitos escritores brasileiros, adeptos de cadernos de anotações. Alguns arriscam rabiscar suas criações em materiais como guardanapos, panfletos, folhas em branco. Por isto, é que esta iguaria - digamos assim – Moleskine, pegou tanto. Isto é de comer ? Alguém deve estar perguntando. Não é de comer, mas pode anotar também receitas culinárias. Moleskine é o nome de um tipo de caderno de anotações, com capa dura, folhas com cantos arredondados e feitos de papel acid paper resistentes a ação do tempo, dentre outras peculiaridades. E que é irresistível. Atualmente, existem vários modelos de Moleskine : dos notebooks para anotações até os incrementados “city notebooks” – estes funcionam como guias turísticos com mapas, agendas, datas de eventos culturais, podendo ser personalizados pelo usuário. No meu caso, uso um modelo de bolso, pocket notebook. Atualmente, estou tentando comprar um large notebook pautado ou liso de 250 páginas. O nome estranho Moleskine vem de herança por conta do tecido moleskin usado na capa. Contudo, já vi capas com diversos materiais impermeáveis e de couro. Tem inúmeros modelos no mercado que não são da marca italiana (em 2006, a empresa Moleskine foi adquirida por um grupo francês por mais de 40 milhões de euros). Porém, a maioria que tive acesso e que são imitação demonstraram uma qualidade muito boa. Os preços de um notebook moleskine pode variar, ficando numa média de US$25,00 dólares. Na rede de livrarias da Cultura é possível encontrar vários modelos originais. No vídeo a seguir, tour em um Museu de Berlim sobre uma exposição de Moleskines.


Encontrada em uma garagem em NY City, Maio de 2007

Esta outra parece pertencer a Ralph Lauren
.
Gostou? Considerada obra de arte sobre rodas, uma Bugatti Type57SC Atlantic (apelidada de Monalisa Automotiva), pode ser tua por módicos 82 milhões de reais. Só existem duas originais rodando no mundo e uma delas está na garagem de uma das mansões do estilista Ralph Lauren. O modelo T57 foi desenhado pelo próprio criador da marca, Jean Bugatti. E só foram comercializadas três unidades apenas. Uma delas foi trucidada por uma locomotiva. As outras duas foram garimpadas em duas garagens, uma delas em Londres e outra em Nova York. Pelas fotos divulgadas, encontravam-se em péssimo estado de conservação e foram restauradas. Eu fico imaginando, quanto entulho milionário não devem estar escondidos em mansões por aí afora? Pois é, parece que o tempo realmente faz bem para estas preciosidades. Quanto mais antigas, mais valorisadas. Valendo-se muito mais que um quadro de Miró ou Vincent Van Gogh. Apesar de tudo, creio que lugar de obras de arte é em museu. Com todo respeito aos colecionadores.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Joel Witkin






Prom Foto, Bogota (2008)
.
Muito interessante o trabalho de Joel Witkin  e que sempre instigou-me a pensar tantas coisas. É o tipo de arte que nos faz enxergar coisas que a sociedade tenta impedir. Ao invés de poluirmos nosso cotidiano com aqueles catálogos belíssimos de mademoiselles vestindo seus Gautiers, o que vemos na arte de Witkin são pessoas consideradas fora dos padrões impostos socialmente. Witkin também compõe seu universo fotográfico de obras consideradas "natureza morta". Claro, ele substituia o clássico objeto (frutas, flores, animais) tidos como "natureza morta" por pessoas mortas verdadeiramente, certos pedaços humanos como cabeças, membros e ia compilando num projeto final. Resultando numa somatória de coisas. Assim como, também participam de seus projetos pessoas com padrão de beleza diferente dos ditos "universais". Eram as minorias, pessoas deficientes, ora de beleza incomum. E com isto tendo um trabalho autêntico, forte, impactante, sem deixar de ser belo e poético. Alguns, indo além do convencional e causando repúdia, mal-estar para os olhares mais conservadores. Em certos trabalhos, podemos chamá-los de assemblages, Witkin parece inspirar em artistas como Picasso, Miró, Da Vinci, Magritti e Dalí. Compreender a obra de Witkin é tão vasto quanto compreender sua vida e o que levou um fotógrafo a visitar salas de autópsia onde realizava captura de imagens para seus trabalhos futuros. Algumas de suas fotos muito lembrou-me certos trabalhos do artista mineiro Farnese de Andrade, de quem sou admirador. Talvez, por conta das assemblages com materiais e fotografias. Hoje em dia é muito comum vermos clipes de artistas consagrados como NIN, Marilyn Manson, dentre outros, com inúmeras referências a estas artes tidas como underground. Pena que estes famosos não dão nomes aos bois. Porém, quem conhece a arte, mata a charada.


6o. dia da Flap2008

Demorou. Finalmente, o Kqi editou as imagens e fotos de um dia escolhido para fazer um tour pelo centro de São Paulo com poetas latinos. As fotografias e imagens eu concedi para esta edição. Ficaram muito boas. Foi um dia divertidíssimo e muito rico. Maiores detalhes das imagens e fotos vejam aqui.

quarta-feira, 4 de março de 2009

A ícone fashion Sienna Miller ataca de doida neste curta-metragem, que é um clipe do The Hours, See The Light. Sienna além de modelo, é atriz e carrega o título de "destruidora de lares". Leiam a biografia dela aqui para entender. O clipe é genial, direção de arte do competente e multimilionário Damien Hirst - artista britânico líder do grupo Young British Artists. Então, assistam ao vídeo. Quem não queria dar uma de doente, invadir uma daquelas lojas chiques da Oscar Freire e fazer uma performance destas? No final das contas, See The Light, flerta com o dia-a-dia de uma pessoa com transtornos psíquicos. E que vê o mundo de forma diferente. Qual forma? Pergunte a quem sofre de algum transtorno. Por um lado, feliz de quem não vê a realidade como ela é. Nos tempos atuais, dar uma de louco até que faz bem pro espírito. Pena que o Santiago postou no blog dele que não gosta de gente maluca. Eu adoro gente maluca. Afinal, de louco todo mundo tem um pouco.

SÃO PAULO : Meu professor, curioso, perguntou que livro eu lia tão compenetradamente por meia-hora seguida. Num intervalo de uma aula e outra, peguei com este da Eunice Arruda, "Risco" poemas. A foto da capa é linda, trabalho de Yuri Bueno. As ilustrações contidas nas páginas entre poemas é de Véronique Filosof (Bible en Images, 1957) e lembram xilogravuras. Já escrevi num post anterior sobre o que acho da obra. Recomendo.
"Eu gosto do meio. É no meio que os extremos colidem e a ambiguidade governa implacavelmente."

SACIEDADE BIOGRÁFICA
Eunice Arruda

tenho andado sem pés
voado sem asas
Sou um sonho espalhado
.
Os rios recebem minhas cartas
com frequência
facas me apontam o coração
.
O que poderia dizer
(os pássaros já cantaram)
o que poderia amar
(os amantes se suicidaram)
.
Os assassinos conhecem o meu nome
...
Nota: sempre leio a poesia de Eunice Arruda. Em especial, adquiri o livro "Risco" poemas no ano de 1999. Por isto, fazem 10 anos que sempre recorro aos poemas desta seleção. Diria que Eunice instiga minha criatividade a seguir um caminho semelhante para a poesia. Seja no gosto, na escolha das palavras, quanto na maneira peculiar de criá-los. Ela é uma artesã das palavras. Suas frases são simples e somadas criam histórias ousadas, sentimentos singelos e honestos, inteligentes histórias, e vai descrevendo um cotidiano com riquezas, como que recebendo efeitos de uma vida fértil de quem sabe observá-la e sentí-la. Este poema acima, do livro "Risco", passou-me agora o que ando sentindo. E realmente ando passando por situações, e aventuro como quem salta de paraquedas sem proteção.

Missing Cleveland





"Missing Cleveland", é o mais novo trabalho solo de Scott Weiland. O resultado saiu muito bom. Estando o som do STP nesta linha, o trabalho paralelo ficará magnífico. Exatamente, pela vóz de Scott ficando cada vez melhor. Claro, as ditas "baladas" tanto quanto comerciais fazem necessárias num bom disco de hardrock. E os músicos do FTP realmente são criativos. Só achei o vídeo um pouco patético. Parece coisa de cineasta linha B de hollywood. A casa não tem nada de novo, qualquer milionário em Hollywood e Los Angeles tem uma casa destas no subúrbio (geralmente, fincada num morro), e a arquitetura anos 50 não traz nada demais. Fora esta mania de pôr uma luz estourando tudo, numa iluminação hora lúcida, hora chapada. Gostei dos adereços, objetos cênicos, ótimo trabalho de direção de arte. Imagino que o personagem "astronauta", meio cientista, é mais um excentrico milionário do que nerd pesquisador. Só mesmo o Scott pra segurar esta bela música e ele faz um ótimo personagem. Pudera, nem a atriz - que faz-se de empregada ou "esposa", passa um arquétipo fiel ao personagem. No geral, isto dá uma idéia prum longa metragem. Exatamente pelo cenário. A música está no site oficial de Scott e complementa com mais outra canção pro suposto álbum "Happy".


VISITA


ela entrou
.
sinto-me inquieto
e ainda concentrado
prostrado diante
desta tela
tento esquecer do
tempo do
calor
é que não fico bem
com a tua presença
.
subiu pelas paredes
.
[estava querendo atenção]
eu não ligo para insetos
fiquei lento, devagar
tomei pela fadiga
acho que é a
idade ou é doença
da mente
ando esquecendo das
contas sobre a geladeira
a desculpa que
precisava
para não morrer
de tédio
agora,
era para concluir
esta tela
.
e mesmo antes de
tudo abacar
- e tudo acabou
ela desapareceu