segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ah, se o mundo fosse mais meu do que teu
Se invertêssemos as ordens das coisas
E daqui debaixo fôssemos mais poderosos do que aí
Ah, se eu pudesse mais do que você
Se a ordem do caos fosse mais violentamente certa do que
a certeza do comodismo da sua grandeza e políticamente correta certeza
De que tú sabe o quanto pode e por quanto poderá tomar conta deste teu asilo
Ah, se o mundo fosse belo e belo quanto parece em meus sonhos
Te daria mil voltas em torno da terra só para te dizer o quanto posso
E a sede de vitória seria apenas um passa-tempo em dias chuvosos
porque tú não sairás de teu palácio somente para molhar sua peruca nova
Ah, se eu pudesse mesmo partiria daqui para outro lugar
Só para deixar esta calçada para tú pisar com exclusividade
Só para deixar este jardim para tú cuidar com familiaridade
Só para ver o quanto o novo ficou velho e enquanto perde teu
tempo em volta de tua pequenes, eu caminho adiante
Ah, se eu pudesse mesmo, rumaria rumo ao sol, forte e quente, brilhante
e vistoso e te deixaria prostrada diante da lua, longe e branca, fria e deserta
Ah, eu torraria diante do sol e tú congelaria diante da lua
Na minha rua não tem gatos nem cachorros, nem vitrines como na tua
O meu país é mestiço e de onde tú vens é tão distante e branco
Você se lembra ?
Se eu pudesse, rumaria rumo a casa de meus Pais e te deixaria na rodoviária
Na casa de meus Pais tenho canto próprio e planto meus coqueiros
Lá as ruas não tem dono e os jardins são de ninguém
Na sua casa, tantas notícias infestam suas paredes que as
lembranças se perderam
Daqui eu saio uma hora qualquer,
sem aviso prévio e nem despedidas
Vou embora qualquer hora

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