domingo, 13 de julho de 2008

The Greatest

Eu não havia escrito nada sobre a morte de meu Pai. Ele se foi no dia 10 de Maio deste ano. Morreu de cancer aos 78 anos de idade. E ainda assim, um menino de coração e mente brilhante. Eu queria ser como ele. E somos tão diferentes. Eu tenho passado momentos muito ruins para poder contar aqui. Entretanto, alguns raros amigos tem apoiado nesta minha fase. Viver aqui nesta cidade grande, longe do lugar que nasci e cresci, longe da família, é muito difícil. E mais difícil ainda é fazer planos futuros. Principalmente, agora que tenho passado por um tsunami, creio que este reinventar-se tornará algo muito doloroso mas necessário.

Ao acaso, sempre ouço Cat Power. Sua vóz e suas letras que são poesias musicadas me agradam muito. Ouço quando vou dormir, quando estou quieto, em silêncio. Este vídeo logo abaixo mostra um rapaz perdido em seus lamentos, medos, tristezas. O mundo é feito de perdas e ganhos, é um total equilíbrio das coisas. Hoje, podemos ganhar muito, ganhar mais dos outros. Amanhã, estamos perdendo. Felizes são aqueles que conseguem o equilíbrio das coisas. Não que pareça sem graça. Talvez, a maturidade ensine mais aos que ainda não tem. Como disse um amigo meu, Rafael, à pouco : "e vejo que as pessoas perderam o sentido de enxegar as outras pessoas como OUTRAS PESSOAS, ou seja, uma soma da gente, outro universo, e passaram a tornar estas indiferentes a sua realidade...". Às vezes, sinto-me egoísta com tudo isto que estou passando e em não revelar ou queixar aos quatro cantos. Mas as nossas dores individuais, solitárias, existem para quê ? E o que podemos esperar dos que estão próximos da gente senão uma atenção? O egoísmo, talvez, sejam daqueles que não sabem doar um minuto de sua sabedoria e amor para consolar os que precisam. Eu sou um eterno doador de tempo. Sempre tenho tempo para as pessoas. E, talvez, este seja um estilo de vida. Ao que parece, como não somos heróis (até mesmo porque herói de verdade é herói morto e ninguém vai morrer pra provar o contrário), então, o que sobra é o humano. E eu acho tão belo estas fraquezas e fortalezas humanas. Eu admiro pessoas que tem estes talentos, ou que sabem lidar com as coisas mais difíceis da vida. Talvez por isto mesmo, hoje, admiro muito mais minha Mãe. E tenho admirado raros amigos que apropriam-se sabiamente de palavras e me mandam mensagens, me ligam, saímos e conversamos. Estou aprendendo a tornar, mais uma vez, uma outra pessoa. É como viver em postmortem. A gente vai virando várias outras coisas, e aquelas coisas que ficam para trás tornam-se fantasmas. Como o vídeo abaixo, de certa forma, tantas interpretações. Até, mesmo porque, a letra é bem surreal, de alguém que enfrenta qualquer coisa, mas que perde o controle de alguma maneira. E este perder o controle é exatamente para aquilo pelo qual não sabemos o que é. Então, heis a oportunidade em buscar compreender aquilo que ainda desconhece. Bom final de domingo.


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