domingo, 17 de maio de 2009

Hoje, a cidade de Paris amanheceu ouvindo Lenine. A rádio parisiense ama um tanto mais além da fronteira. Em São Paulo amanheceu frio e pessoas faziam curta-metragens na praça Rotary. Na Vila Buarque tudo calmo, mas a vida continua pulsando na cidade grande. Da janela do estilista, um lustre iluminava a sala ampla e aquecida. No apartamento da escritora, cinzas de cigarros espalhavam pelos cantos. E na coberturazinha, uma música tentava preencher os espaços vazios, chamando a atenção dos vizinhos. Enquanto o relógio da Catedral da Sé acordava o centro antigo, paulistanos corriam às padarias para tomar seus cafés matinais. Já era tarde. Agora é tarde. Na cidade parisiense, lêem livros, tomam-se vinho e acendem cigarros. Jogam conversa fora. A poesia nasce da observação do cotidiano. A palavra escrita diferente da palavra dita. Que é muito diferente da palavra musicada. O dia em São Paulo amanheceu às cinzas, depois ganhou cores alaranjadas e vermelhas, ficou azul e acabou negro. Igual asas de besouros. A noite agora é silenciosa e as luzes dos apartamentos ainda estão acessas. Logo a 2a.feira começa. E a cidade parisiense inicia-se mais uma jornada. Igual São Paulo. Igual todas as cidades do mundo. Mudam-se de endereços. E pessoas mudam seus códigos e idiomas. Mas parecem estar sempre sozinhas. Sempre insatisfeitas. Como distantes numa ilha. E Paris parece ser mesmo a cidade que ouve Lenine e Gil. E Paris parece mesmo ser uma cidade magnífica. Cidade para turistas, cidade para estrangeiros. Igual São Paulo e todas as outras cidades turistas. Não se sabem mais quem é mais turista, a cidade ou o cidadão viajante. Ambos turistas, perdidos no meio do globo, no meio do mundo. Amanhecemos e adormecemos e somos sempre os mesmos outsiders, viajantes, distantes, sempre longe. Longe do sol e da lua. Próximos do nada. De nada.


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