The Holy Mountain - Alejandro Jodorowsky

Eu sempre pesquisei coisas que marcaram o ano de 1973. Não por acaso, ano de meu nascimento. Antigamente, lia um livro anual da editora Barsa, chamava-se "Livro do Ano". Era um compêndio sobre fatos históricos que marcaram o mundo. Minha Mãe assinava tais livros e eu lia no embalo. Atualmente, ando pesquisando coisas cinematográficas, literatura e arte daquela época. Talvez, seja uma forma de entender um pouco daquela atmosfera toda, as invenções, as crises mundanas, tudo que faz compreender o antes, o agora e o depois. Alejandro Jodorowsky nasceu no Chile (Iquique), estudou teatro na França com o mestre Marcel Marceau (que também deu aulas para o popstar Michael Jackson. Sim, aqueles gestos e passos minimalistas de Jackson foram lapidados pelo mestre Marceau. Também não sabia, mas John Lennon foi grande fã da obra de Jodorowsky. O filme "El Topo", um faroeste pra lá de surreal, tornou-se Cult na década de 70. Em 1973, Cannes ovacionou a estréia deste "The Holy Mountain". Não por menos. É um filme sensacional, porém, muito difícil, cheio de signos, metáforas, filosofias. Narra a história de um "alquimista", que reúne um grupo de pessoas que representam os planetas do sistema solar. Tais pessoas, são as que dominam o planeta terra (políticos e industriários). Segue-se então uma série de rituais místicos para que estes seguidores desprendem-se das bagagens mundanas e sigam para a misteriosa Ilha de Loto. Caminhando rumo a Montanha Sagrada, eles tem como objetivo substituir os Deuses Imortais. Até esta parte, metade do filme ilustra a andança de um sujeito (meio Macunaíma) pelas cidades, povos, lugares. Um tipo Jesus Cristo, de tanguinha e sem ter aonde cair morto. Podemos dizer que o filme divide-se em duas partes : mundo-povo-civilização e mundo-semi_deuses-crenças. O roteiro é riquíssimo de frases filosóficas, cenas até então nunca vistas em filmes, efeitos teatrais, cenografias riquíssimas, animais exóticos (irão ver de tigres, cobras, tarantulas, à dromedários, serpentes, cachorros gigantes, brigas de pit bulls), pessoas doentes, com nanismo, cenas de repúdio, impactantes, outras poéticas e místicas. O filme, desde "2001" do Kubrick, não me tirava do sério. Não é à toa que David Lynch (outro cineasta fantástico) resolveu filmar "Duna", depois da tentativa fracassada de Jodorowsky (por corte de orçamentos) fazê-lo primeiro. Este filme em especial entrou pra minha lista dos 10 filmes que, realmente, mudaram minha visão sobre esta arte e sobre o mundo civilizado. Não deixem de vê-lo. Recomendo enormemente. Minha edição tem legendas em francês, português, castelhano e inglês. Duração : 115 minutos. Colorido.