eu acordei dessarrumado pelas idéias de inconformismo e a luz do sol entrando pela fresta e refletindo no vidro que cobre a xilogravura em série. Eis meu desatino. Misto também deste despropósito pelas coisas, mas uma certa culpa. Saí para andar e não gostando do que via, tentava desviar das coisas ao meu redor. Sentindo como andando em círculos. Sinto-me como numa boiada, vivendo num imenso curral. Eis o que penso sobre certos regimes. Parece que tudo é um filme publicitário. Entro num supermercado, aquelas estantes repletas de embalagens lindas de conteúdos duvidosos, com seus preços mais estranhos ainda. As filas e as pessoas comendo o tempo todo. Comendo o tempo todo, gastando dinheiro o tempo todo, falando o tempo todo, fazendo tudo em excesso o tempo todo, e ninguém nem nada consegue desligar. A não ser que a "Mãe Natureza" cause um imenso estrago pra termos um verdadeiro blackout e aí sim : todos voltam para seus lares e tentam desligar na falta de energia elétrica. De que adianta estar pelas ruas sem luz, medo da violência urbana, dos cartões de créditos não funcionarem sem aquelas maquininhas, os motéis estarão fechando as portas, os teatros, cinemas, shoppings, tudo acabando em instantes com a fúria da natureza. Parece-me que estamos vivendo em círculos, dominados por esta estranha força do poder e ainda sendo arrebatados por outra força sobrenatural. A força da natureza que desconhecemos. "Ela beira o bizarro", eu pensei. Tudo que a natureza transforma e fica belo aos nossos olhos, um dia pode virar um verdadeiro desastre. Outro desatino. Minha mente cansada agora reclama, meus olhos tristes e esbugalhados tentam fechar. Vivo no inconformismo de idéias. É como num quadro de Francis Bacon, com toda aquela carga de pinceladas e imagens fortes. Como num gesto brutal. E que, de repente, tudo silencia. E este silêncio que tanto me incomoda. Esta cabeça pensante que não quer mais trabalhar. Este corpo exausto, que antes do anoitecer estava esbelto e saudável, quer repousar. Porque caminhamos projetando o corpo à frente? Como se querendo colocar o cérebro a frente de tudo, quando é o coração que bombeia o sangue? Deveríamos andar com a cabeça atrás e o peito esticado adiante! Mas vem aqueles de abdomen dilatado e estragam tudo. Aqueles com cachimbos na boca e ainda aqueles com um nariz muito grande e pronto! Tudo acabado. Não existem regras. O que existem são adaptações. Não se pode entrar num supermercado toda vez e encontrar as mesmas prateleiras com os mesmos produtos. Tudo vira rotina, voltamos ao pasto, entre animais, vivendo em círculos. Talvez, estamos sendo amestrados a muito tempo mesmo. E aquele topete rock´n´roll era tão lindo de morrer. Eu abandonei os coturnos, as calças rasgadas, a camiseta do herchcovitch e agora só uso aquelas roupas vintages baratas trocadas por outras novas que tinha. Não ando bem. Isto. Quero dizer. Não ando vestindo nada bem. Inveja, talvez, daquelas batas longas sobre as roupas que o marchante insistia em usar nas temporadas de verão. Hoje fez calor e eu saí para passear. Queria fugir pralgum lugar onde o silêncio me fizesse cair aos prantos. Cair e chorar igual criança. Cair e cravar as mãos na terra, sentir o cair da água, o orvalho, os insetos todos, o urro dos animais, o medo da noite na mata, o frio da gruta, os fantasmas que assombram a noite da floresta. Talvez, a civilização esteja num pico de existência e mudanças. E hoje não acordei nada bem! Que mal te fiz dia de sol? Que maldade teria cometido para tanto pavor e medo de agora? Creio que estes modismos, são coisas que soa tão medíocre ao meu convívio neste lugar. Terra fria e gélida, povoada de pessoas estranhas. Longe daqui, voa, longe daqui. Andorinha que pousou na minha varanda. Segue meu conselho e voa para bem longe, onde o verde brilha, as águas limpas, o amor de verdade que sentirás e poderá procriar sem medo do frio cinza, do céu escuro, porque estará em paz!
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