terça-feira, 18 de setembro de 2007

O Lutador (Manuel Bandeira)

“ O Lutador ”

Buscou no amor o bálsamo da vida,
Não encontrou senão veneno e morte.
Levantou no deserto a roca-forte
Do egoísmo, e a roca em mar foi submergida!

Depois de muita pena e muita lida,
De espantoso caçar de toda sorte,
Venceu o mostro de desmedido porte
- A ululante Quimera espavorida !

Quando morreu, línguas de sange ardente,
Aleluias de fogo acometiam,
Tomavam todo o céu de lado a lado.

E longamente, indefinidamente,
Como um coro de ventos sacudiam
Seu grande coração transverberado!

30 de setembro – 1º. De outubro de 1945.


Analisando o poema :

Este é um dos poemas elaborados por Bandeira durante o sono. Ao que ele diz, este poema veio meio que pronto na cabeça, tão logo acordou. Esta palavra “transverberado” impressiona Bandeira quando ele ouve uma história de sua prima, Maria do Carmo de Cristo Rei, uma monja Carmelita. A história era sobre uma santa que teve o coração transverberado. Bandeira gostou do som ao ouvir a palavra pela primeira vez. Por isto, utiliza neste poema. “O lutador”, de certa maneira, é uma história que nos lembra os contos de fadas, de bruxos, seres imagéticos, fantásticos. Existe uma fantasia, uma alegoria neste poema. E uma história de amor e de luta. A priori, luta por uma grande conquista, de algo quase impossível. E que no desfecho do poema vemos uma longa cena cinematográfica, de um final que narra a saga de alguém que lutou por algo e sai vencedor. Tem uma temática alegórica, aqui Bandeira visita histórias de nossa juventude e infância. Quando nos dá a visão destes seres inimagináveis, destes momentos quase inenarráveis, de um mundo que não é o nosso mundo. De uma grande metáfora, podendo ser a difícil luta pela sobrevivência ou um grande tema como o amor, a perda, a existência. E através desta alegoria nos faz enxergar o universo por outros angulos. Senão, apenas o material e capitalista ao qual estamos acostumados. Porque o papel da poesia é este, de nos dar material para que possamos sonhar, e também, começar a enxergar a realidade com um outro olhar.

_umberto.alitto

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