quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O Homem E O Cachorro



“O Homem E O Cachorro”

... derivas. E aquelas sentinelas transeuntes, representantes institucionais, descortinavam sobre suas matinês. E não causavam medo algum. Estes seres soletravam onomatopéias e verbos insignificantes. O que interessava ao homem era seu cão. Enquanto os passantes transbordavam suores debaixo de calafrios. Nada daquilo importava. Porém, ninguém passava incólume pelas sentinelas. Apenas “o homem” farejava sentidos alheios para proceguir tranquilo pelas esquinas ocultas da rua X. Ele sabia decifrar códigos e senhas, leituras sociológicas de perfis humanos. A geografia importava mais do que ícones. Ele queria apenas andar com teu cão pelas ruas durante o alvorecer. E para isto aprendeu que não precisava de moeda alguma para troca. Pois, sua filosofia era viver sobre as regiões que pertenciam aos teus ancestrais muito mais do que as instituições presentes. Não pedia licença. Era meta-físico. Translúcido. Aprendeu a linguagem das ruas e guetos. E sabia andar por aí sem que ninguém notasse tua presença. O homem que conhecia tais culturas ancestrais aprendeu a conquistar seus direitos. Veio dos guetos. E fazia das sentinelas transeuntes o que bem queria. Era invisível à todos. O homem atravessava pelos cemitérios e mandava as almas atormentadas tomarem chás com seus Deuses. Enquanto seu cão latia preces de misericórdias para seus semelhantes. O dia bastava quando o homem completava seu ciclo. E dava sinal para que a noite cobrice a cidade oculta sobre os olhos dos cidadãos comuns. Então, o cão já poderia tomar outras formas e, só no dia seguinte, voltaria para fazer companhia.

2 comentários:

Raffab disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Raffab disse...

isto me lembra o caminho do conhecimento: a solidão, Me lembra, e me remete o pouco que sei de você, e o cão, tantas outras coisas, mas o cão, em especial, é o exemplo mais atordo-ator em meia multidão. uma boa reflexão para os que vivem isto.