A Amazon lançou uma traquitana para ler livros digitais. Pode uma coisa destas ? Pode. Antes de mais nada, 10 anos atrás, a IBM havia feito experimentos com outra coisa maluca para "carregar" livros digitais e jornais eletrônicos. Só não tinha botões para navegação. Entretanto, a idéia era simples : uma pessoa comum, ao acordar, pegaria esta engenhoca (emborrachada, com tela de visor que possibilitava ser drobada igual jornal) e caminharia para seu costumeiro café matinal. Cercado de sucrilhos, cafés, chás, biscoitos e ovos mexidos, iria lendo suas materias legais neste pseudo-livro-digital substituto de qualquer-coisa-de-papel. Era a "morte aos livros", "morte aos jornais". Eu não vi este produto da IBM em lugar algum. Agora, andam dizendo por aí que os livros vão morrer, que todo mundo hoje em dia lê coisas na internet, que baixam livros digitais. Eu continuo vendo a mesma coisa : pessoas imprimindo textos e carregando papéis. Pois é, este KINDLE é outra engenhoca que eu não irei comprar a idéia. Eu só não sou bibliófilo por conta de grana e espaço. Entretanto, fica aqui uma confissãozinha : eu adoro entrar numa boa livraria, escolher livros que interessam, comprá-los e ler nas horas vagas. Ainda falando de uma década atrás, enquanto a IBM não conseguia lançar seu produto mundialmente, aqui em São Paulo nascia a estupenda editora CosacNaify. Que agora completou 10 anos. E, neste ano que passou, a livraria Cultura abriu uma loja de 5 mil metros quadrados ali no Conjunto Nacional (Avenida Paulista). Dizem que o brasileiro não lê, e dizem que o papel irá morrer. Eu não sei onde. As livrarias em SP pipocam em tudo quando é bairro, Shopping, esquina. Tem até bar e padaria que vende revistas, jornais e livros de arte. Isto é maravilhoso. Todo curso que a gente vai fazer, tem uma lista de livros pra comprar, e quando tem DVD pra ver ou CD para baixar textos, a maioria do pessoal não faz. Reclama que é demorado, que é chato, que é ruim, que a impressora está sem tônner ou acabou a bateria do equipamento. O papel não. O livro você leva pra onde quer, é gostoso, é história. Existe invenção mais romantica e gostosa do que livro ? A tipografia, a textura do papel, a letra impressa, as diferentes capas e cores, os formatos e pesos, o fato de acomodá-los na estante, ou deixar aquela pilha ao lado da cama e que vamos lendo devagar naquelas horas de insônia ? Eu sou apaixonado por vários tipos de técnologias. Antes de mais nada, um livro é um produto que é fruto de uso das técnologias. Não estou dizendo coisa manual, mas industrializada. Se depender de mim, passarei a vida toda lendo livros em papel, seja reciclado ou não. Se um dia proibírem a fabricação de livros, ótimo que ainda existirão sêbos. E o que é melhor, o livro em papel sendo extinto, quem tem terá o prazer de possuir obras raras verdadeiramente. Mas não penso nisto. Eu penso é que precisamos parar de comprar coisas compulsivamente apenas pelo modismo, porque é febre e é legal. Eu tenho miopia, não é nada grave, mas odeio ler coisas minúsculas na tela de um computador. Imagine, ler "Em Busca Do Tempo Perdido" numa traquitana que cabe na mão ? É muita nano-tecnologia pro meu gosto. E os amigos que tanto falam que o livro vai morrer, okay, cada um com seus sonhos e pesadelos. Afirmações e convicções de mais ou de menos. Eu, irei viver muito tempo e irei pagar pra ver. Quem irá vencer : o papel ou o digital ? Bons tempos virão, crêem alguns. Entretanto, ainda sou adepto do convencional. Estamos quites então.
Vejam a traquitana na sequência :
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