Anabela
Uma das sandálias mergulhou o salto-agulha num buraco minúsculo. Feito suficiente para jogar seu corpanzil diante da calçada. Oscilou igual pêndulo, andando torta e veio o tombaço. O corpo foi pulando igual bola de ping-pong até parar na banca do Joaquim. O rapaz de meia-idade correndo meteu a mão pelas pernas de Anabela, numa mistura de compaixão e pena. Vieram correndo o Jorge do táxi e o Leo cabeleireiro. Todos faziam rodinha pra levantar Anabela. Das marcas do tombo e das digitais de Leo, Joaquim e Jorge, Anabela queria mais era um marido. Quebrou o salto e um dente canino, lascou umas unhas, passou vergonha e comiseração dos marmanjos. Jurou que nunca mais sairia de salto alto. Que nunca mais passaria diante das bancas e pontos. Virou religiosa. Adotou uma bata preta, desistiu da vontade de ser miss e casar.
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