segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Pensamentos : provérbio sueco.

Hoje, li este pequeno provérbio direto do blog do Laerte. Eu sempre leio os blogs que divulgo neste "apodiforme". São blogs de conhecidos meus.

"Procure me amar quando eu menos merecer. Porque é quando eu mais preciso."
Provérbio Sueco

Blog do Laerte : http://laerteeomundo.zip.net/

O mais interessante disto é que eu vinha lendo no caderno Mais! deste domingo algumas entrevistas sobre uma série de traduções brasileiras de escritores russos. Em especial, uma matéria com o escritor Joseph Frank. Especialista na obra de Dostoiévski.
E hoje, incrivelmente, uma mulher sentou ao meu lado durante o almoço. Ela perguntou se eu era novo na empresa. Porque jurava nunca ter me visto. Eu tenho quase 10 anos de trabalho na mesma empresa. E passo despercebido às vezes. Talvez, seja o mal das grandes empresas, muitos funcionários. Ela me abordou de maneira simpática. Entretanto, parecia querer ouvir alguma coisa de belo, de humano. Conversei 30 minutos sobre religiões, em especial o Budismo e o Cristianismo. Depois, falávamos sobre relacionamentos humanos. Principalmente, das pessoas terem desaprendido a ouvir. Isto é, as pessoas ouvem aquilo que desejam e o resto passa como um sopro e descartam. Talvez, como na resposta de Joseph que copio abaixo, seja o ego das pessoas que criam tamanhas barreiras. E justamente aí é que somos incompreendidos. Quando o provérbio sueco acima comenta sobre o amor, este amor é aquele sentimento de compaixão, de entendimento mútuo. Não é carência afetiva, mas uma palavra amiga, um conforto. Infelizmente, o que mais ouvimos são cobranças. E o que mais encontramos no caminho são pessoas que projetam uma imagem de nós que nem sempre corresponde aos fatos. Exatamente, porque elas querem ouvir e ver aquilo que é convencional para suas expectativas, ambições e desejos. Eu não quero conversar com pessoas que querem tais projeções. Eu quero dialogar com pessoas para aprender, ouvir, ensinar, trocar idéias, assuntos banais, rir e chorar. Compreender e ser compreendido. E o resto é silêncio. Nietzche falava que todo primeiro discurso é carrecado de mentiras. É como duvidarmos sempre das primeiras falas proferidas por um estranho. Ainda assim, tenho a convicção de que as pessoas são o contrário de suas aparências. Tudo que dizem, quase sempre pode soar falso. Pois, parece que é um mundo de fantasias que tecem. Não estou dizendo que todo mundo é mentiroso. Não é isto. Estou dizendo que todos gostam que saibamos das qualidades apenas. Ou, projetam imagens que não correspondem com a real aparência. Por isto, já diziam que as aparências enganam. Eu venho fortemente trabalhando esta coisa das aparências. Tentar ser entendido, e nunca consigo. Exatamente, porque tem aquela questão que comentei sobre as projeções e ouvirem o que desejam apenas. E o resto fica a deriva. Seria tão simples a aceitação pura das realidades. Mas elas dõem. Uma amiga minha que muito estimo sempre diz isto pra mim. Sobre a dureza da realidade e do despreparo das pessoas em ouvi-las. Mas a amizade não é isto ? Como o provérbio diz ? Deste amor universal que tudo supera, que tudo perdoa, que tudo aceita ? Eu acho que culturalmente não estamos preparados. Mas se não sabe dizer uma palavra amiga, apenas um gesto. Se ainda assim não conseguir, então, que acenda uma vela branca em casa e reze uma oração para os amigos. O mundo seria melhor se todos nós mandássemos luz para nossos queridos. E também para todos que precisam. É tão simples amar ao próximo sem interesse algum. Sem criar barreiras. Eu tenho passado por experiências interessantes e difíceis. Tenho um amigo que adora encurralar seus amigos. Sempre que está em situações difíceis faz isto. É como aprisionar um animal numa cela por um tempo. Até que se tomem a decisão correta ou não. Ou partem para discussões. É tudo verborrágico, mas o final é sempre feliz. Entretanto, eu não sei porque reagem assim. Parece que o mundo é tão complicado. É tão cruel. Que as soluções sempre saem das dificuldades cultivadas da maneira mais difícil. Quando, de fato, bastava apenas compreensão, amor, fraternidade. Então, para todos nós que estamos em situações difíceis, vamos ouvir o provérbio sueco. Como um mantra. E fazermos dos dias mais felizes possíveis. Quanto ao Dostoiévski, fica a dica do caderno Mais! E que venham muitas traduções direto do russo para o nosso português. Sua sabedoria é tão incrível, difícil e sábia quanto tais religiões comentadas. Afinal, sempre aprendemos mais sobre a humanidade através da história. E os romances clássicos são compêndios fabulosos para tal estudo e compreensão.

O Senhor Dostoiévski
Especialista na obra do escritor, Joseph Frank, professor de Princeton e Stanford, fala a Aurora Bernardini sobre a proximidade entre o Brasil e o universo do autor de "Crime e Castigo"

PERGUNTA - Qual era o tipo de cristianismo de Dostoiévski? Qual é o significado do sofrimento na existência humana, segundo ele? FRANK - Não tenho certeza de o que significa perguntar "qual era o tipo de cristianismo de Dostoiévski?". Ele se considerava um membro fiel da Igreja Ortodoxa Russa, cujos dogmas, deve-se lembrar, são muito mais fluidos que os da Igreja Católica Apostólica Romana.Quanto ao significado do sofrimento na existência humana, é importante lembrar que Dostoiévski falava em "sofrimento moral", decorrente do fracasso em cumprir a lei de Cristo. Não se referia ao "sofrimento" causado pela privação material. No documento citado, ele escreveu que "o homem luta na terra por um ideal oposto à sua natureza", e esse ideal exige que sacrifique seu ego às pessoas ou a outra pessoa. Quando deixa de fazê-lo, "sofre e chama isso de pecado". Mas ele acreditava que esse sofrimento era "compensado pela alegria celestial de cumprir a lei, isto é, pelo sacrifício".

AURORA F. BERNARDINI leciona teoria literária e literatura comparada na USP. Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves .

Mais informações aqui --> http://www.folhasp.com.br/

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