Laura tomou sua última aspirina antes de seguir pro banho. Já não agüentava mais a insistência de teu Pai dizendo que deveria responsabilizar-se por teus atos. Era só um beijo de namorados e nada mais. Então, a vontade do Pai em ver a filha casada começou a passar dos limites. Tudo para justificar aos amigos de que sua filha recebia em casa um futuro marido e não um vagabundo. De que o namoro realmente era sério, e não como alguns poderiam comentar. Uma nota de escândalo para uma família decadente seria uma péssima idéia. Tudo porque numa bela noite de verão, Laura estava aos beijos com seu namorado quando, de repente, seu pai chega pela porta da rua. E o senhor de meia-idade vai logo tocando o rapaz da casa. Achando tudo uma indecência e lasca um tapa no rosto da filha. Um tempo depois, a jovem de vinte anos resolve seguir os mandamentos do Pai. Encomenda o enxoval, escolhe uma data do casório, faz do noivado um acontecimento social. Ficam todos felizes. Aparentemente. Porém, Laura recebe uma carta de sua faculdade sobre um processo seletivo. A futura médica terá de decidir entre o casamento ou seguir os desafios da profissão. Fazer das vontades do Pai severo ou escolher pela sua intuição de jovem rebelde. Resolve arriscar na profissão. O vestido branco encomendado que custou muito pelas poucas economias da família é encaixotado. Todos os convites são queimados e o futuro marido, agora, está livre de um compromisso desta natureza. Alguns anos passaram e Laura retorna ao lar de seus Pais. Desta vez, para cuidar do velho Pai, com complicações de saúde. A Mãe já não tem mais o mesmo orgulho de quando pertencia a uma rica família de bem sucedidos fazendeiros. E o irmão mais novo não tem mais a paciência de antes. Laura abandona tudo e resolve cuidar do Pai, que sempre amou. Até que ele veio a sofrer de um derrame. Algum tempo se passou e Laura continuou a cuidar do Pai. Ele, mesmo doente, sempre acreditava que poderia mandar na vida de sua filha. Que deveria casar com um homem digno e que seus namorados de então não valiam à pena. O Pai vai perdendo a memória e piorando. Como se a doença incurável tivesse um papel coadjuvante na família e que o final não seria tão feliz como em contos de festas natalinas. O presente seria algo muito mais dolorido. Laura foi desistindo dos namoros, e a profissão tomou outros rumos. Naquela cidadezinha, acabou trabalhando num hospital público, ganhando um salário medíocre e sem perspectivas. Ela conheceu uma amiga, e iniciaram uma amizade sólida e secreta. Nos finais de semana em que podiam ficar juntas, era como se as esperanças voltassem a brilhar nos olhos de Laura. Foi necessário um grande esforço para que sua vida mudasse. Para que tudo voltasse a seguir um rumo mais feliz e menos dolorido. Ela havia cansado das críticas e exigências da família que tanto a diminuía e oprimia. Uma manhã, Laura ligou para sua amiga dizendo que o Pai tinha falecido. A família agora diminuía. A Mãe de Laura resolveu vender a casa e que ficaria bem em um asilo. O irmão caçula não tinha muita opção na vida e continuou com sua vida pacata de sempre. A única perspectiva de Laura era voltar pra capital. Com a certeza de que poderia reconstruir sua vida. Fez planos junto com sua amiga e resolveram dar um novo rumo na vida de ambas. Tudo mudou praquelas jovens, tudo mudará. Começa então uma nova vida, juntas e felizes. Apesar do tempo perdido, Laura soube que ele foi importante e que foi necessário esperar os anos passarem.
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