quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
Amores Constantes
A tua língua ácida é mais
interessante quando passeia
pelo meu corpo
E os teus lábios
trêmulos
Sua temperatura esquenta
debaixo dos lençóis brancos
E quando amanhece,
o que restam
são manchas,
desenhos,
migalhas esquecidas
pelos cantos
A poeira no sofá ainda
desenha sua silhueta
Assim como, suas
pegadas deixadas pelas
plantas dos pés
Na varanda,
maritacas musicam
alguma coisa
E a porta
semi-aberta
Um relógio toca sete horas
da manhã
[Despertador de mim
mesmo ]
As gotas do chuveiro
pingando alto sobre
os azulejos
E sua partida
breve
Sinto o traveseiro ainda
quente
alguma lembrança
E as cinzas deixadas
no cinzeiro
O copo manchado de
vinho tinto
Queria que fosse embora
Para sentir o gosto da despedida
Agora, só me resta
pensar no amanhã
Quando a porta
novamente abrirá
E você se acomodará
entre as coisas
deixadas
no ontém
Não desespere
porque ainda é dia
e a noite logo virá
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Um comentário:
Esse foi significativo. Não sou fluente em dialética ou na arte de elogiar, mas vou dizer o que me trouxe de bate-pronto este poema.
Suco de Limão. Batido, não mexido, com leite condensado.
Na hora me veio um gostinho azedo, uma lembrança de bem perto. Parece que você sabe mesmo do que está falando. Gostei das descrições sintéticas. Desenham um ambiente. É possível imaginar fisicamente o que você escreveu.
O mais legal é que parece que você conhece bem a pessoa a quem se refere o poema. Mas parece que ela tem algo que você ainda não conhece e quer descobrir... talvez. Apenas a impressão.
Só para fechar. Quanto às maritacas, gostei que elas "musicam alguma coisa". Sem definição, com sonoridade clara para se saber que é uma música, mas o que é essa música? Gostei mesmo.
Deve ser interessante ser a pessoa que sabe das manchas, das poeiras, das sete horas... sei lá. Algo intimista demais pra quem não sabe de nada.
Muito legal Alitto. Prometo comentar mais vezes. Mas esse realmente foi diferente.
Abraços
Wanderson
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