Um certo Machado
Harold Bloom publicou dois livros interessantes sobre escritores da literatura ocidental. Os temas discorrem sobre teoria e crítica literária. Com rápidos comentários sobre os autores e destaque para seus principais romances. Entretanto, quando ele comenta destes tais “principais romances”, creio que isto seja pessoal. Aliás, fiquei um tanto decepcionado quando menciona rapidamente sobre a literatura brasileira e cita Machado De Assis. Referindo-se ao Machado como uma “espécie de milagre”. O livro “Gênio – Os 100 Autores Mais Criativos Da História Da Literatura” foi publicado no Brasil em 2003 ( 1ª. Edição ).
Lembro que neste mesmo ano fui ver uma palestra do escritor Salman Rushdie, no Masp. Nesta época, Salman veio no Brasil para divulgação do livro “Furia”.
E não deu outra. Perguntaram pra Salman o quanto Machado De Assis era importante pra ele e do conhecimento da obra do escritor brasileiro.
Salman disse que havia uma lista de livros da América do Sul e de uma editora americana que foram apresentados à ele muito tempo atrás. Falou que os livros latinos eram raros na Inglaterra e tinham que importá-los dos USA ( bizarro isto não ? ). Tais livros surgiram antes das explosões latinas ( fiquei me perguntando o que seria “explosão latina” ). Por incrível que pareça, Borges viria depois. Salman disse que ficou atraído por estas literaturas “norte e sul” americanas. Das escolas judaicas e muitos livros americanos. Depois, comentou-se dos livros da América do Sul. Exatamente nesta ordem. E que estes livros vinham com umas capas surrealistas ( estratégias de marketing ? ). Pois, as capas eram chamativas e belas. Será que copiaram aquela idéia das capas dos lp´s de jazz ? Parece similar. Por incrível que pareça, este tema da importação aqui no Brasil é a mesma coisa. Os livros que são publicados na Europa demoram a chegar aqui. E vice-versa. Esta discussão sobre livros e autores desconhecidos. Engana-se quem pensa que estas listas dos mais vendidos trata-se de novidades quentinhas recomendadas. Que estamos “garimpando” do melhor. Existem milhares de escritores em nosso continente e no europeu ainda desconhecidos da grande maioria dos leitores da língua portuguesa. Trata-se de intercâmbio, pesquisa, busca, e que vai além do mercado editorial. Eu mesmo, encomendei outro dia um DVD de um filme do diretor siberiano Alexander Sokurov. E vou amargar esperando a demora da importação. Creio que Salman comentou muito bem esta questão do intercâmbio versus mercado. E do leitor especializado.
Quanto ao lançamento do Fúria, Salman resumiu que não acha que o teu romance trata apenas sobre vingança. Porém, sobre uma comédia negra. Vários aspectos da natureza humana podem ter diferentes significados de uma mesma coisa. Comenta-se. E esta mesma coisa é o que deu a ele vontade em dar o título de Fúria. E tinha prometido colocar estas duas visões sobre o tema no livro.
O interessante das falas de Salman é o quanto ele valoriza a mistura cultural. Dizendo valer a pena. Talvez, tenha esta visão por ter vivido tanto tempo entre cidades como Bombaim ( que diz assemelhar-se muito com a cidade de São Paulo ), Londres e NY. Quanto ao seu método de produção ele diz não saber ao certo. E se soubesse, brincou que venderia em garrafas. “Uma coisa é querer, outra coisa é ser”. Me parece que ele sempre soube que seria escritor. E ainda faz uma boa ponte entre o que ele pensa e o que o mundo pensa ao debruçar sobre suas criações.
Finalizando, sobre os escritores que influênciou seu trabalho e o que é preciso para ser bom, Salman diz : “Quando você começa como escritor, você começa a se comparar com outros clássicos ou contemporâneos. Querer ir por um certo estilo e gênero. Depois de um tempo, isto já não influencia mais.”
E isto tem muito à ver com um debate recente que pude assistir sobre literatura latina e o mercado global da literatura, prosa e poesia.
Lembro que neste mesmo ano fui ver uma palestra do escritor Salman Rushdie, no Masp. Nesta época, Salman veio no Brasil para divulgação do livro “Furia”.
E não deu outra. Perguntaram pra Salman o quanto Machado De Assis era importante pra ele e do conhecimento da obra do escritor brasileiro.
Salman disse que havia uma lista de livros da América do Sul e de uma editora americana que foram apresentados à ele muito tempo atrás. Falou que os livros latinos eram raros na Inglaterra e tinham que importá-los dos USA ( bizarro isto não ? ). Tais livros surgiram antes das explosões latinas ( fiquei me perguntando o que seria “explosão latina” ). Por incrível que pareça, Borges viria depois. Salman disse que ficou atraído por estas literaturas “norte e sul” americanas. Das escolas judaicas e muitos livros americanos. Depois, comentou-se dos livros da América do Sul. Exatamente nesta ordem. E que estes livros vinham com umas capas surrealistas ( estratégias de marketing ? ). Pois, as capas eram chamativas e belas. Será que copiaram aquela idéia das capas dos lp´s de jazz ? Parece similar. Por incrível que pareça, este tema da importação aqui no Brasil é a mesma coisa. Os livros que são publicados na Europa demoram a chegar aqui. E vice-versa. Esta discussão sobre livros e autores desconhecidos. Engana-se quem pensa que estas listas dos mais vendidos trata-se de novidades quentinhas recomendadas. Que estamos “garimpando” do melhor. Existem milhares de escritores em nosso continente e no europeu ainda desconhecidos da grande maioria dos leitores da língua portuguesa. Trata-se de intercâmbio, pesquisa, busca, e que vai além do mercado editorial. Eu mesmo, encomendei outro dia um DVD de um filme do diretor siberiano Alexander Sokurov. E vou amargar esperando a demora da importação. Creio que Salman comentou muito bem esta questão do intercâmbio versus mercado. E do leitor especializado.
Quanto ao lançamento do Fúria, Salman resumiu que não acha que o teu romance trata apenas sobre vingança. Porém, sobre uma comédia negra. Vários aspectos da natureza humana podem ter diferentes significados de uma mesma coisa. Comenta-se. E esta mesma coisa é o que deu a ele vontade em dar o título de Fúria. E tinha prometido colocar estas duas visões sobre o tema no livro.
O interessante das falas de Salman é o quanto ele valoriza a mistura cultural. Dizendo valer a pena. Talvez, tenha esta visão por ter vivido tanto tempo entre cidades como Bombaim ( que diz assemelhar-se muito com a cidade de São Paulo ), Londres e NY. Quanto ao seu método de produção ele diz não saber ao certo. E se soubesse, brincou que venderia em garrafas. “Uma coisa é querer, outra coisa é ser”. Me parece que ele sempre soube que seria escritor. E ainda faz uma boa ponte entre o que ele pensa e o que o mundo pensa ao debruçar sobre suas criações.
Finalizando, sobre os escritores que influênciou seu trabalho e o que é preciso para ser bom, Salman diz : “Quando você começa como escritor, você começa a se comparar com outros clássicos ou contemporâneos. Querer ir por um certo estilo e gênero. Depois de um tempo, isto já não influencia mais.”
E isto tem muito à ver com um debate recente que pude assistir sobre literatura latina e o mercado global da literatura, prosa e poesia.
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