Em 2003 eu tentei frustradamente aprender francês. Eu já conhecia a lingua gramaticamente falando, mas tinha dificuldades com a pronúncia. Sendo assim, juntei uma turma de colegas de trabalho para realizarmos um módulo na Aliança Francesa do centro de São Paulo. Que ficava bastante próxima de minha casa atual. Como trabalhava em Alphaville, eu e amigos revesávamos nas viagens. Um deles em especial, que hoje é professor na USP, quando dispunha do carro íamos até a Barra Funda onde este deixava seu carro no estacionamento. E os cinco colegas seguiam de metrô até a estação República. Dalí, íamos à pé para a escola de francês. Pra quem morava na região de Alphaville, era quase um filme de terror ir para o centro de São Paulo. Eu sempre adorei esta loucura do centrão, esta pulsação toda, este ritmo cheio de quebras de cadências alternadas, aonde tudo vibra de diferentes ondas. Eu acho um tédio Alphaville, sempre tudo igual, parece Bervelly Hills, meio seriado de TV americana. O centrão é rock and roll puro e no último volume, é heavy metal e eu adoro heavy metal na veia. Você já acorda com o barulho do trólebus logo de manhãzinha e logo vem os carros e buzinhas, toda parafernalha estúpida humana criada para infernizar o próprio homem. Longe da paz e do sossêgo. Mundo moderno, porém, sem frescuras a la seriados novaiorquinos. Isto porque um amigo meu americano disse que o povo americano é diferente do povo brasileiro porque além de ler mais, pelo menos, todo mundo leu a bíblia. Okay, leram a bíblia para quê? Para continuar fazendo as guerras todas? E erguendo estupidamente esta bandeira decadente deste capitalismo insano? Bom, o curso de francês micou no primeiro módulo. Eu não consigo falar com "biquinho" como os franceses insistem. E eu também não estava vendo retorno a curto prazo com tal investimento. Tudo porque eu trabalhava numa multi-nacional americana e ninguém por lá via sentido em investir no francês. A não ser que eu desejasse ir pra França trabalhar numa filial. O que não era meu desejo. Queria apenas aprender a falar por gostar da sonoridade da lingua e estar mais próximo da língua francesa com tal domínio. Eu sempre gostei da idéia de ler livros estrangeiros na língua em que o escritor fala. Com Borges é mais fácil exatamente por conta do espanhol. Assim como o inglês. Mas francês e russo ficarão por um bom tempo longe deste domínio que eu gostaria de ter da língua. Eu já falei do quanto gosto da Rússia e principalmente de San Petersburgo. Esta é uma capital que quero conhecer logo. San Petersburgo. Eu já perdi a conta de quantas vezes vi ao filme "Arca Russa", exatamente por aquela breve ambiência da cultura local narrada em 3 gerações. Eu já não sei qual geração seria a mais interessante. Tudo que posso comparar não foge muito daquilo que vivenciei, ou seja, um pouco mais de 3 décadas vividas. Não sei como seria ter vivido outros séculos atrás, assim como, daqui uns séculos adiante. Estou tentando ter os pés no chão, enquanto a cabeça hora tenta ficar na lua. Eis um exercício brutal de resistência que faço. E isto acho que em parte tem desencadeado aquele problema que eu venho tendo com o maxilar, da tensão. Descobri pela minha médica Otorrinolaringologista que tive uma Nevralgia no trigêmios. Já encontro-me medicado e toda aquela dor foi embora. Ufa! Agora já dá pra fazer biquinho pra falar francês. Okay. A bíblia dos americanos que leram mais que os brasileiros, o francês que fala com bico e o brasileiro nevralgico. Aonde vamos parar no século XXII ? Vamos para San Petersburgo que voltará a ser a cidade mais interessante do mundo e com todo aquele frio. Ou, será que com este super-aquecimento global San Petersburgo será a capital das sandálias Hawaianas? Imagine se todo mundo um dia andar de roupas de verão em San Petersburgo, aqui no Rio de Janeiro estaremos literalmente fritos e escaldados pelas águas quentes do mar. Já estaremos fritos e temperados, prontos para sermos deglutidos, comidos, engolidos por um monstro qualquer devorador de humanos. Apesar que eu já acho que já somos devorados por um monstro devorador de humanos. Tal monstro foi criado pelo próprio homem e está acabando com seu caráter, sua dignidade, sua cidadania, seu respeito ao próximo. Isto, podemos dizer que é uma decadência generalizada? Podemos dizer que o império capitalista já está vivendo seu declínio. Hoje, novos impérios surgem mundo, como a China e todo seu poderio. Eis um ciclo onde tudo que nasce, cresce, multiplica e morre. Não tem como fugir a regra. Eu acho que a américa do norte está na tua decadência, o dinheiro no mundo parece valer menos e a matéria prima dos produtos manufaturados está cada vez pior. Se as coisas continuam no mesmo preço e a qualidade caindo isto é um péssimo sinal da indústria que já deu alertas de que iniciou uma violenta marcha a ré. Estamos numa era das decadências. Numa era dos costumes (que costumes?) e valores invertidos. O mundo já não é mais ingênuo como foi um dia. Hitler fez suas guerras, acabou com boa parte da Europa e ela reergueu. Mas foi preciso união de estados, povos, criou hoje o que chamam de Europa Unificada. Isto é um exemplo. Talvez, por isto, eu queria ter aprendido mesmo o francês. Agora, de que adianta falarmos inglês aqui no Brasil? O único país da américa do sul que insiste em falar português e ninguém está nem aí pro espanhol? Se não somos um povo que lê, que não damos importância pras linguas, como queremos um dia fazer parte de uma espécie de união das américas? Como existiu uma Europa Unificada poderia muito bem existir países das américas e unificados. O mercosul eu não sei bem pra que serve e o Kafka (não tem nada a ver com o escritor que sou fã) só facilitou a vida do gordo e ganancioso país lá de cima. Ah, mas pra isto vocês irão falar do G20, dos países em prol de algo que facilite a vida de todo mundo. Só que a euforia do G20 tem um prazo. Leiam aqui. A verdade é que o mundo globalizou e hoje qualquer cidadão com dinheiro e sabendo duas ou três línguas pode muito bem ir pra onde quiser e viver como desejar. Que bom. A liberdade existe. Liberdade limitada, desde que se respeite a cultura e leis locais pode-se aventurar mesmo. Porém, o que ninguém gostaria de ouvir é que hoje está mais difícil do que nunca ganhar dinheiro pra fazer qualquer coisa. E até a prostituição acho que tornou-se difícil. Dia destes peguei um livro bacaníssimo que não deu pra ler ainda. Trata-se do "Filha, Mãe, Avó e Puta", uma espécie de biografia da Gabriela Leite, fundadora da grife alternativa DASPU. Que achei incrível a tragetória da Gabriela. De estudante de filosofia da USP e cheia de amigos intelectuais, resolveu botar todo discurso daquela geração 60 e foi pra boca do lixo (centrão de São Paulo) viver na pele uma vida de prostituta. Hoje, além do projeto da grife DASPU que emprega ex-prostitutas, Gabriela dedica a outros projetos ligados ao gênero e sempre com este cunho sociológico e político que eu acho genial prum país tão carente de gente legal como é o Brasil. Voltando ao francês pra não perder o fio da meada, eu ainda acho difícil a pronúncia do francês. Peguei como exemplo logo em seguida um vídeo com a mezzo-soprano Vivica Genaux (que é de uma elegância) numa participação prum programa em rede aberta da França. Isto porque deram pra esta italiana uma puta abertura. Pois, nem Madonna na França teria tanta atenção em uma tv aberta. Sim, tem o lance de um tipo de filtro (xenofobia?) da cultura francesa que muita coisa do mundo "moderno" não chega lá. É barrado mesmo. Madonna na França? Estão loucos? Ela não lota estádios na França, o máximo é uma filinha numa Fnac pra comprar meia dúzia de cd´s. Enquanto por aqui é motivo de morte pra conseguir um ingresso e vê-la num estádio de futebol abarrotado e com aquele nível de qualidade que todo mundo conhece. Enfim, tudo trata-se de cultura e cada povo tem o governo que merece disse um ditado. Mas no programa da rede de TV Francesa (Ève Ruggieri's TV show) dá pra ver a Vivica falando francês, depois cantando em outro idioma e volta pra entrevista. Sendo que ela tem outra origem (Alaska ou Itália?). Percebam a loira Mireille Delunsch quando começa a falar. É engraçadíssimo este bico que tem de fazer para falar corretamente. Sem o lance do bico o sotaque fica horrível. É incrível como tem de colocar a palavra literalmente nos lábios, enquanto que o português falamos quase que pelo nariz, anasalando. O francês fica na ponta da boca e o inglês praticamente acontece na boca. Eu sempre dou risada quando vejo um francês falando com bico, não tem como não rir e não é defeito da língua. É que pra quem fala português e sabe que o som é anasalado, vai achar graça ao tentar falar como francês e tendo de fazer bico. É isto, sem bico nada feito. Quanto ao curso da língua? Se eu não aprender voluntariamente num processo de auto-didatismo, só aceitarei fazê-lo numa escola se ganhar uma bolsa. E como este ano é da França no Brasil, fica a deixa.
Vivica Genaux
Maria Callas não deixou dúvidas, foi a mais elegante e melhor soprano
O pop francês legal (que já foi punk) de Rita Mitsouko
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