terça-feira, 21 de abril de 2009

A Princesinha medrosa

"A Princesinha Medrosa" não é apenas um livro para crianças. É um livro que carrega uma história que serve como paradoxo, como aprendizado prum mundo tão diferente e estranho como este em que vivemos. Outro dia, estava eu na Livraria da Vila e resolvi ler este livro. As aquarelas e desenhos são sublimes e dão um toque elegante pruma obra infantil. O livro conta uma história simples, carregada de sabedoria e beleza, nos dando uma lição de vida. Mesmo que vindo de uma personagem tão jovem e tão cheia de idéias e ideais. E nestes ideais esbarramos com todos os medos e angústias que o mundo e a sociedade plantam a todo momento em nossas cabeças. A história conta sobre a vida de uma jovenzinha que vive num castelo cercada de mimos. Como tem medo do escuro, encarrega teus súditos de manter a luz acessa nas noites e que o sol jamais apague. Assim, para cada medo a princesinha tem uma idéia e executa para alimentar sua esperança de continuar vencendo seus medos. Inclusive, o medo de que o dinheiro um dia acabe. Certa vez, ao perder seu grupo numa viagem, encontra um garoto que, após o trabalho, brinca numa lagoa. Ali inicia-se uma longa amizade. E nesta feliz descoberta, a Princesinha percebe que pode vencer o medo. Justamente, porque seu novo amigo tens uma visão de mundo diferente. E por ironia do destino, um garoto de família simples acabou provando que teria uma sabedoria que seria útil à educação da jovem Princesinha. O livro é tão bonitinho e a história tão comovente que acabamos olhando pra nós mesmos e vendo o quanto de simplicidade nos cercam. E o quanto somos tão complicados à ponto de vivermos escravos de nossos próprios caprichos e medos. Não à toa, todo ditado popular e/ou fábula contada tens uma sabedoria e verdade. Basta dedicarmos um tempo analisando e aprenderemos que alguma coisa pode mudar à partir de um pensamento já dito. Se não muda em nós, pelo menos, mudará ao meio pelo qual vivemos. Somos seres influenciáveis e influenciados. Num mundo de medos, pavores e dúvidas, uma fábula infantil é um refresco para nossa constante evolução e maturidade. Mesmo sabendo que até a morte pela velhice, o homem ainda tem alguma coisa para aprender. E sabedoria nunca é demais. O livro infantil caiu nas minhas mãos e bateu uma vontade de chorar. É uma história para refletir, guardar e passar adiante. Humberto.


Odilon Moraes
Quarta capa: Jutta Bauer

Prêmio de Melhor Livro para Crianças, em 2002, concedido pela FNLIJ, A princesinha medrosa ganha edição revista e aprimorada pela Cosac Naify, consolidando o trabalho da editora com o autor Odilon Moraes. Após publicar Pedro e Lua (2004, também premiado pela FNLIJ), a editora tem o orgulho de apresentar o primeiro livro deste talentoso autor que vem desenhando a literatura infanto-juvenil brasileira de alta qualidade. Neste livro, a pequena - e aparentemente frágil - princesa usa toda autoridade e prepotência para lidar com seus maiores inimigos: os medos do escuro, da solidão e da pobreza. Com toda sutileza característica das obras de Odilon, a princesinha não percebe que seu medo é, na verdade, do próprio medo. E, enquanto se ocupa em temer o invisível e o improvável, deixa escapar a própria felicidade. Será com a ajuda de um garoto, que lhe ensina a ouvir o sussurro das estrelas, que ela conseguirá lidar com a tristeza. Na quarta capa, a consagrada autora alemã Jutta Bauer exalta o talento de Odilon: "Como um grande cozinheiro, ele acrescenta alguns temperos secretos à receita. Com isso, faz da fábula algo inconfundivelmente seu".

2 comentários:

Vencida da vida disse...

Olha Humberto, eu sigo o teu blog. Fui aí parar por um artigo da psicose 4:48 e fiquei. Aproveito o que apresentas de cultura, o que não conheço, ou revisito o que faz parte de mim há já muitos anos. Mas o que gosto mesmo é das tuas reflexões. Há por aí umas almas parecidas espalhadas pelo mundo. Do Brasil vem sempre gente que faz parte da minha vida, como uma grande amiga de Portalegre, uma amiga maravilhosa que cresceu aí a ler e a ouvir o mesmo que eu, a sonhar e a esperar da vida o mesmo que eu, mas noutro hemisfério, e que está aqui há 6 anos, daí o meu carinho especial pelas terras de Vera Cruz. Bom, era, também, para te felicitar, e se um dia, decidires ir até ao Oriente, passa por Lisboa. Podia ser uma boa preparação para a tua "viagem". Acho que ias adorar. Cumprimentos deste lado. VM

Humberto Alitto disse...

Muito obrigado pela preferência. Apesar de já fazer 1 ano deste post teu. Eu gosto desta peça "Psicose" e de outras peças desta dramaturga. O teatro é algo sublime que tanto me faz questionar todo o resto. Não sei se poderia um dia viver sem tais questionamentos. Somos infelizes por natureza, competitivos por natureza, e vivemos esta eterna dúvida do que virá depois da morte. Alguns vivem apenas o dia, outros tentam enxergar um pouco mais adiante. Eu tento viver das duas formas. Mas o futuro também seduz.